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Associação dos Engenheiros Agrônomos de Ijuí entrevista seu primeiro presidente


Gil Müller . Créditos: Apaju

Como já informado na edição anterior do Informativo APAJU, a associação completa 40 anos em 2016. Com o objetivo de valorizar essa história estamos buscando fazer entrevistas com pessoas que fizeram parte dela. E a primeira pessoa com que conversamos foi Gil La Hire Coimbra Müller, pai do atual tesoureiro, Diego Coimbra, e que foi o primeiro presidente da entidade.

Müller, formado engenheiro agrônomo pela Universidade Federal de Pelotas, atualmente reside em Jaciara, Mato Grosso, onde cultiva soja. Em Ijuí residiu por vinte anos, de 1956 até 1976, onde atuou junto ao Banco do Brasil, em medições de lavouras financiadas. No período também realizou atividades para o banco na agência de Santo Ângelo, incluindo a assistência técnica, serviços topográficos e supervisão para a Companhia Riograndense de Adubos (CRA. Antes de vir a Ijuí, construiu e instalou o Posto Agropecuário do Ministério da Agricultura, em Soledade. 

Gil La Hire Müller coordenou o início dos trabalhos de constituição da APAJU, antes de 1976, ano tido como da fundação da associação, e enfrentou, entre outras coisas, um incêndio na sede da APAJU, então localizada na Cotrijuí, quando todos os documentos da entidade se perderam. É seu nome que consta na primeira ata da associação existente, e que data do dia 04 de agosto de 1976. O engenheiro agrônomo fala sobre os objetivos da APAJU na época, seus desafios e as primeiras ações da entidade.

Informativo Apaju - Conte-nos um pouco sobre como foi o processo de criação da Associação dos Engenheiros Agrônomos de Ijuí (APAJU). 
Gil Coimbra Müller - Nos anos 70, com a grande expansão das lavouras, orientada pela Cotrijuí com sede em Ijuí, o número de técnicos aumentava constantemente. Sentimos então a falta de uma entidade, de um local para debates, explanações, teorias. Enfim, de um congraçamento dos agrônomos também com suas famílias. Após reuniões, inicialmente na Cotrijuí, que sempre apoiou a classe, passamos a realizá-la em um clube da cidade. Várias autoridades do ramo, como geneticistas, fitopatologistas e especialistas em solos nos brindavam com palestras, realizadas periodicamente. Criamos então nossa associação, a APAJU.
 

Considerando a situação da época, quais foram os objetivos iniciais na criação da APAJU. Analisando a realidade atual, o sr. acredita que ainda são os mesmos ou houve alterações nos propósitos da associação? 
Na década de 70, época da “revolução verde”, os olhos do Brasil se voltavam para o Norte do Rio Grande do Sul, onde, após a cultura do trigo, iniciava-se a expansão da soja. Eu acho que a criação da APAJU foi uma consequência. Fomos pressionados. Os Engenheiros Agrônomos eram os protagonistas desta revolução. O então Ministro da Agricultura, Engº Agrº Alisson Paulineli esteve em Ijui, com todo seu Ministério. A Cotrijuí patrocinou uma viagem de aproximadamente 150 agricultores e técnicos aos Estados Unidos, visitando por um mês a região produtora de milho e soja. Inclusive fomos homenageados na Bolsa de Chicago. Criamos uma Unidade de Conservação de Solos, com várias equipes de campo atuando em terraceamento e conservação de solos. Atualmente, os objetivos são os mesmos. Talvez até ampliados, pois de duas ou três dezenas de colegas iniciais, hoje a região conta com perto de 200 profissionais. Hoje, a diversidade no agronegócio é grande. 
 

Esse princípio foi desafiador, entre outros fatos, houve o incêndio na Cotrijuí, onde se perderam documentos da Associação. Quais foram as consequências desse fato? 
Foi lastimável a perda. Mas a APAJU ressurgiu com o mesmo entusiasmo.
 

Quais as principais ações/iniciativas tomadas pela APAJU na sua origem. Qual seu enfoque principal em termos de ações? 
A região crescia em produção, safra após safra. Sempre fomos reconhecidos pela comunidade. No início, com o cultivo do trigo. Em seguida, com a implantação da soja. Sempre a tecnologia foi determinante. Havia muitas discussões, relatórios e visitas técnicas. No campo, proliferava a produção de sementes, a conservação do solo, a fertilização, as avaliações e laudos técnicos em financiamentos e sinistros no seguro agrícola.
 

Como o sr. avalia a mobilização dos engenheiros agrônomos na época na associação. Eles eram participativos, se envolviam nas ações propostas pela associação?
Sim, principalmente ao verem suas ideias serem aceitas pela comunidade: apoio à conservação de solos, do meio ambiente, ao uso comedido de agrotóxicos. Tínhamos a Associação Conservacionista, com várias equipes de campo, com aparelhagem própria, que marcava terraços e projetava o uso do solo nas propriedades.  A APAJU participou também na recepção da Cotrijuí ao Ministro da Agricultura, Engº Agrº Alisson Paulinelli e sua equipe, em Ijuí. A APAJU apoiou e participou na viagem aos Estados Unidos. Foram mais de 150 produtores da região em vôo especial. Fomos saudados na Bolsa de Cereais de Chicago. 
 

Na sua avaliação, a contribuição por parte da APAJU e das demais associações vem contribuindo de que forma com a evolução do trabalho dos engenheiros agrônomos e da agricultura de forma geral?
Hoje, a região Noroeste do Rio Grande do Sul, o Brasil e o mundo tem problemas enormes com o mau manejo da água, com a degradação dos solos e com o assoreamento dos mananciais hídricos. Sem falar que os solos agricultáveis no mundo são 4,5 bilhões de hectares e que vêm diminuindo anualmente pela erosão e salinização. A população mundial hoje passa de 7 bilhões de habitantes. Quando chegar a 8 ou 9 bilhões, então um hectare terá que sustentar dois habitantes, tanto em alimentos, como em fibras, madeira, combustíveis e outras formas de contribuições da agricultura. A APAJU contribui para o desenvolvimento sustentável, não só do município com seu povo empreendedor e trabalhador, mas com a região e o país.
 

Apaju - Associação dos Engenheiros Agrônomos de Ijuí

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