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CREA-RS realiza Encontro de Gestores de Cursos de Agronomia do RS


Abertura contou com as presenças vice-presidente do Senge, José Luiz Azambuja, e com o presidente do CREA-RS, Melvis Barrios Jr. Créditos: Arquivo Senge-RS

Com objetivo de discutir a qualidade dos cursos e currículos que estão sendo oferecidos aos futuros Agrônomos do Estado, o CREA-RS realizou, no último dia 20, o Encontro de Gestores de Cursos de Agronomia do RS. Participaram representantes dos cursos da UFRGS, UFPEL, UFSM, ULBRA, UPF, UCS, URCAMP, UNIPAMPA, UNICRUZ, UNIJUÍ, UFFS, IFRS e SETREM. O evento foi promovido pela Câmara Especializada de Agronomia do Conselho e sediado pelo Sindicato dos Engenheiros do RS (Senge-RS).

Na abertura do evento, o vice-presidente do Senge, José Luiz Azambuja, destacou a importância da aproximação com o meio acadêmico, trabalho que também vem sendo realizado pelo Sindicato junto a universidades de todo o Estado visando ampliar a consciência dos estudantes sobre a importância da sua futura profissão para a sociedade. Destacou também que se faz cada vez mais necessária a discussão sobre a formação dos profissionais de Engenharia Agronômica diante dos desafios do mercado agrobusiness e do crescente avanço tecnológico do setor.

Na sequência, o presidente do CREA-RS, Melvis Barrios Jr, reiterou a importância de uma maior integração entre os Conselhos e as Universidades para qualificar e fortalecer a formação dos futuros profissionais, uma ação necessária visando a maior valorização da Engenharia brasileira diante do crescente ingresso de profissionais do exterior no mercado nacional. "Precisamos fazer esse enfrentamento para termos maior valorização da Engenharia brasileira." Criticou, ainda, o Ensino a Distância para os cursos das áreas de Engenharia. “São cursos mais difíceis que precisam de maior interface entre professores a alunos. Precisamos nos perguntar a quem interessa essas desqualificação.” 

“O perfil profissional necessário ao Engenheiro Agrônomo no estágio de desenvolvimento atual da Agropecuária Brasileira”

Três palestrantes tiveram o desafio de falar sobre o perfil necessário aos Engenheiros Agrônomos para atuar no cenário brasileiro.

Emater

Primeiro da falar o Engenheiro Agrônomo da Emater Dulphe Pinheiro Machado Neto trouxe a realidade dos profissionais que atuam com assistência técnica e extensão rural em pequenas e médias propriedades. “É fundamental que o técnico tenha resultados efetivos com os agricultores, onde não há isso a permanência do profissional é dificultada. Além disso é necessário a divulgação desses resultados”, afirmou apresentando as diversas áreas de atuação da Emater, como projetos de crédito rural e fundiário e atividades sociais, e a parceria com outros profissionais como jornalistas, biólogos e veterinários. 

Eng. Agr. Dulphe Pinheiro, da Emater

Relatou, ainda, o trabalho da Emater com públicos considerados especiais, como indígenas, jovens e mulheres. “O Agrônomo tem que ter conhecimento para atuar com esses diferentes públicos”, afirmou. Destacou, ainda, o crescente sucesso da agricultura familiar em feiras e eventos de todo o Estado. Destacou, ainda, a complexidade do trabalho. “A agricultura familiar é uma parcela muito grande do trabalho do técnico da extensão, e é um grande cardápio, quando tu chega de manhã na propriedade não sabe em que assuntos será demandando.” Para ele, uma dificuldade está na atuação em programas de irrigação. “Isso exige uma especialização maior e ainda é uma grande lacuna na formação universitária.” 

Entre as características exigidas aos agrônomos da área, além do conhecimento técnico – “que é fundamental” – destacou a capacidade de articulação, a criatividade e de iniciativa. Criticou a “grenalização” entre os profissionais que defendem agricultura tradicional e os da agroecologia. “Precisamos ter capacidade de discutir, a agroecologia é muito importante, mas ainda vivemos em uma mundo que tem a forma tradicional bastante forte, então os técnicos tem que ter conhecimento dos dois mundos.” 

Extensão rural em grandes e médias propriedades 

Conselheiro do CREA-RS, o Eng. Agrônomo Bernardo Palma abordou a atuação dos profissionais da agronomia em grandes e médias propriedades, que de acordo com ele “tem semelhanças com a pequena propriedade”. Também fez um histórico do desenvolvimento da profissão e dos cursos desde sua formação, no final dos anos 1970. De acordo com ele, à época os agrônomos eram visto como os profissionais do futuro e tinham uma formação mais voltada para a prática e bastante eclética. Considera que as faculdades ainda pecam na formação dos alunos em legislação agrícola e direito agrário. “Para a vida de um profissional na assistência técnica a legislação é fundamental”, ressaltou. 

Eng. Agr. Bernardo de Palma

Para o agrônomo, os contemporâneos de sua formação saiam profissionais mais maduros que os de hoje. “Naquele época éramos formados com uma vivência maior para enfrentar o campo, e saímos profissionais mais ecléticos, hoje há uma redução das práticas e laboratórios, e a internet acaba sendo o maior professor”, ponderou. Também fez uma crítica ao ensino EAD e a possibilidade de ser instituída uma prova após a faculdade aos moldes da prova da OAB. “Será que depois de cinco anos temos que fazer uma prova para provarmos que temos capacidade? Que ensino é esse?”, questionou. Defendeu, ainda, a exigência de um currículo mínimo para todos os cursos de agronomia de País.  

Empreendedorismo na Agronomia 

Com enfoque no empreendedorismo na Agronomia, o professor e coordenador Rede INOVAPUCRS, da PUC-RS, Eng. Agr. Luiz Villwock abriu sua fala dizendo da necessidade de se pensar a profissão. “Estou preocupado com os nossos alunos, temos que ampliar nosso aspecto de função. Temos que incentivar a capacidade de empreendedorismo, resumido em duas perguntas: o que meu cliente quer e se o que estou propondo é economicamente viável. Ensinar o Engenheiro que ele pode ser o dono do própria negócio.”

Eng. Agr. Luiz Villwock

Para ele, os agrônomos podem ser considerados os profissionais com a formação mais holística das engenharias. “É o médico na saúde e o Agrônomo na engenharia”, comparou, dizendo que apesar disso se preocupa com a falta de perspectivas dos alunos. Villwock considera que os jovens devem estar atentos ao que chamou de “ondas de inovação”, como a química verde e as novas tecnologias industriais. “Sabemos que será preciso alimentar um bilhão de pessoas, então falta do que fazer não é o nosso problema.”

Defendeu o uso da internet e que hoje não faz mais sentido pedir que os alunos decorem conceitos ou informações. “Tem é que saber aplicar o que entendeu. Temos que olhar para o futuro”, destacou. Para ele, os com os consumidores conectados, não há mais sentido a defesa de ideias corporativistas. “É a dona de casa, que quer um alimento seguro, que tem que ver que nós somos importantes, e não nós mesmos. E somos ainda muito ruins na venda do que fazemos, somos muito incompetentes nisso.” 

Falou, ainda, ser inevitável fugir da especialização nas engenharias. “Teremos mil diferentes engenheiros. A tecnologia vai nos dar a micro especialidade. Não podemos estar aprisionados ao nosso campo de conhecimento passado”, defendeu. Encerrou com um recado aos professores presentes. “A responsabilidade nossa como professores é até maior do que dos agrônomos no campo. A gente não produz soja, nem milho, mas produzimos mentes para o futuro. Enquanto exportarmos apenas commoditys vamos continuarmos a seremos pobres, com a maior riqueza do mundo: comida.”

Confira as demais matérias de cobertura do evento. 

Retrospectiva dos cursos de Agronomia e conflitos de atribuição em debate

Atribuições e defesa da Agronomia em debate pelos coordenadores de cursos

Conteúdos e avaliação dos cursos de Agronomia discutidos em evento do Crea

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