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Mortes por choque elétrico com carregadores de celular aumentam em 2018


Desde que a Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel) iniciou seu trabalho inédito de monitorar, reunir, trabalhar e divulgar dados estatísticos de acidentes de origem elétrica no Brasil, os resultados surpreenderam e, infelizmente, continuam a surpreender.

A razão de não existir outras estatísticas deste tipo de acidente não é sabido. Existem suposições de que não há interesse, nem do Governo, nem das empresas que lidam com este tipo de acidente e muito menos de entidades do setor para que se saiba fielmente os números de acidentes - com e sem mortes - por choque elétrico no Brasil.

A Abracopel resolveu “comprar esta briga” e iniciou, timidamente, em 2008, esse levantamento que foi tomando corpo e credibilidade, justamente por seu ineditismo, e em 2013 ampliamos nossa base de pesquisa, mesmo assim, sabemos que o número real é muito maior do que este que divulgamos. Recebemos, diariamente, notícias de acidentes de origem elétrica vindos de todos os canais virtuais possíveis: sites, portais, blogs, redes sociais – são cerca de 300 notícias por mês. Estas notícias são analisadas uma a uma, segmentadas por data, local, tipo, gênero etc., e compõem a base do Anuário Estatístico da Abracopel, único documento sobre este tipo de acidente no Brasil, divulgado anualmente.

Pois bem, essas palavras chaves identificam uma grande tipologia de acidentes, mas estamos sempre inserindo novas palavras para que possamos abranger ainda mais dados. Até o ano passado não tínhamos como palavra-chave: celular, carregador de celular, choque por carregador de celular ou algo do gênero. Não tínhamos porque era extremamente raro chegar alguma notícia com este tipo de acidente. Tivemos um caso em 2015 no Distrito Federal com a morte de uma adolescente de 11 anos. Tivemos outro caso em 2016, na Paraíba, com um adolescente de 12 anos. Ambos mortos por choque elétrico ao manusear o celular. Em 2017, foram dois casos, no Ceará, uma mulher de 28 anos morreu, ao colocar o carregador de celular para carregar em uma extensão, outro caso, neste mesmo ano, no Piauí, aconteceu com um bebê de 6 meses que faleceu ao colocar o carregador de celular na boca.

Este número pequeno de casos, não nos instigou a colocar tais palavras chaves em nossa estatística, porém o ano de 2018 começou bem diferente e essas palavras-chaves já foram inseridas em nossa busca.

Em 2018 já somamos nove mortes

Já em janeiro tivemos o primeiro caso de uma mulher com 30 anos morta em Santa Cruz do Capibaribe (PE) enquanto manuseava o celular carregando. A segunda veio logo em seguida, no mês de fevereiro, em Riacho Frio (PI), uma adolescente de 17 anos morreu enquanto ouvia música com fone de ouvido no celular carregando. Em março, foram três casos: um deles em Juazeiro do Norte (CE), uma mulher de 27 anos morreu ao retirar o carregador de celular da tomada. Em Garanhuns (PE), um caso parecido aconteceu com um adolescente de 14 anos que também morreu no momento em que foi tirar o carregador da tomada. Ainda em março, em Mauriti (CE), um jovem de 22 anos morreu quando foi colocar o celular para carregar.

No mês de abril, mais dois casos, um em São Luiz Gonzaga (RS), uma mulher de 30 anos, neste caso envolvendo carregador e uma extensão danificada. Outro caso, ainda em abril, em Ipiranda do Norte (MT), um homem de 50 anos morreu ao atender o celular ligado à tomada.

Em junho, temos até agora, dois casos: um adolescente de 16 anos, morreu ao atender o celular que estava carregando no computador da escola, na cidade de Tianguá (CE). E, o mais recente, aconteceu no último dia 16 de junho, no município de Taubaté (SP), um jovem de 22 anos morreu enquanto jogava no celular que estava carregando na tomada.

Totalizamos, até o momento, nove mortes por choque elétrico envolvendo carregadores de celular. Em relação aos outros anos pesquisados o aumento é absurdo. E a pergunta que insiste em ser feita é? Por que esse aumento de acidentes envolvendo carregadores de celular com vítimas fatais?

Segundo o Eng. Edson Martinho, diretor executivo da Abracopel, “apesar de os carregadores, em princípio, não serem dispositivos que ofereçam riscos, o número cada vez mais frequente de acidentes envolvendo este equipamento tem nos levado a investigar as causas e origens. E estamos verificando que carregadores, principalmente os de baixa qualidade (conhecidos como piratas), têm configurações bem mais simples e, portanto, com menos sistemas de segurança e, então, podem ser causadores de acidentes de origem elétrica. Mas, os principais problemas ainda estão nas instalações elétricas antigas e malcuidadas. É necessário que seja realizada uma verificação completa dessas instalações com a devida adequação, realizada sempre por um profissional qualificado”.

Outro risco que é fundamental abordarmos aqui são os incêndios gerados por curtos-circuitos em carregadores de celular. Este ano, em março, dois incêndios destruíram completamente duas residências, um deles em São José dos Campos (SP) e outro em Jaraguá do Sul (SC), ambos quando um carregador de celular gerou um curto-circuito. Em abril, outro caso ainda pior: uma bombeira da cidade de Gravataí (RS) teve 90% do corpo queimado em um incêndio iniciado por um carregador de celular ao lado da sua cama. Infelizmente, a bombeira de 34 anos veio a falecer. 

Em 2017, dos 451 incêndios gerados por curto-circuito no Brasil, 244 ocorreram em instalações elétricas internas, ou seja, dentro de residências ou comércios. Depurando ainda mais, destas 244 ocorrências, 35 foram por curto-circuito em aparelhos eletroeletrônicos que causaram 5 mortes.

É importante sempre lembrar que tais “acidentes” são, na realidade, ocorrências que não deveriam acontecer, já que são perfeitamente evitáveis, bastando apenas que as pessoas tenham um pouco mais de conscientização no uso da eletricidade. A eletricidade é fundamental para todos os processos da vida humana, hoje não se vive mais sem ela, porém é preciso sempre lembrar: eletricidade não tem cheiro, não tem cor, mas pode matar.

Fonte: Lambda Comunicação

 

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