Créditos: Arquivo AEAA

segunda, 11 de novembro de 2019

Durante a 11ª Exposição Agropecuária de Manoel Viana foi realizada a 94ª reunião ordinária do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Ibicuí. Na oportunidade, o Gestor da Unidade de Saneamento da Corsan, Carlos Henrique Costa, apresentou um panorama atual e perspectivas futuras sobre o abastecimento de água e tratamento de esgoto na cidade de Manoel Viana. Conforme dados apresentados, a empresa retira água de três poços artesianos para abastecimento de toda a cidade, possuindo uma capacidade de reservação de 250 m³ e 30,192 km rede de distribuição de água para abastecer 2.470 economias e aproximadamente 5.680 usuários.

Referente ao tratamento de esgoto, a cidade não possui redes coletoras, o que causa um grande transtorno, pois muitas moradias ainda possuem fossas rudimentares e como não há nas redondezas estações de tratamento de esgoto (ETE) licenciadas para receber o material proveniente, o serviço com caminhões limpa fossas também se torna um impasse. O problema se agrava ainda mais, pensando que a cidade de Manoel Viana é turística e possui uma das mais belas praias de rio do Estado.

Conforme apresentado pela Corsan, a Companhia já realizou o levantamento e cadastrou um projeto para a construção de redes de coleta de esgoto para toda a cidade e também para a construção de uma ETE no município, no entanto devido ao tamanho da população, o projeto ao custo aproximado de 25 milhões de reais torna-se inviável.

O prefeito de Manuel Viana, Gustavo Medeiros, comentou que existe um projeto para construção de uma ETE no município a um menor custo, e que a prefeitura está mobilizando esforços para que este projeto se concretize até o próximo ano, podendo assim minimizar o problema e viabilizar o funcionamento de caminhões limpa fossas, que terão um local adequado e licenciado para depositar os resíduos.

Na sequência, o presidente do Comitê Ibicuí, Eng. Agr. Leonardo Cera, representante da Associação dos Engenheiros Agrônomos de Alegrete (AEAA), comentou sobre as dificuldades para funcionamento do comitê, pois desde o ano passado o órgão está sem repasses de recursos por parte do Governo Estadual. Comentou também que foi feita uma parceria com o Instituto Riograndense do Arroz (IRGA) para permitir que a funcionária Sandra Silveira também atue como secretária do CBH Ibicuí.

Devido a essa falta de recursos, a diretoria, através do vice-presidente, Ivo Mello, propuseram a construção de uma plano de trabalho aos demais conselheiros para que o Comitê continue funcionando como uma estrutura mínima, mas que permita a legalidade para deliberar sobre assuntos que dizem respeito a suas atribuições, pelo menos, até que a situação orçamentária se resolva.  Ivo apresentou as propostas que já existem, como o funcionamento de um escritório modelo para identificação de problemas e soluções relacionadas aos recursos hídricos na bacia, além das parcerias que podem ser construídas com as entidades membros e outras.

A presidente da Associação dos Arrozeiros de Alegrete, Fátima Marchezan, comentou sobre a contrariedade à cobrança pelo uso da água, pois mais uma taxa sobre os produtores irá inviabilizar muitas propriedades, e como a deliberação final sobre a cobrança é atribuição do comitê, lembrou que na reunião de dezembro passado, as entidades presentes se colocaram a disposição de dividir os custos para que o comitê mantivesse suas atividades e não deixasse essa deliberação a cargo do governo.

O presidente do Sindicato Rural de São Vicente do Sul, Augusto Manica, como proposta sugeriu a criação de um sistema de avaliação, baseado em análise científica dos dados que o comitê vem coletando desde a sua fundação no ano de 2000, a fim de permitir visualizar conflitos e problemas existentes na bacia, para que o comitê possa otimizar recursos na busca por soluções. Também sugeriu uma visita do Comitê junto as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) Guassupi e Toropi, que estão sendo construídas num afluente do Ibicuí Mirim.

Eng. Agr. Leonardo Cera comentou que a diretoria estará recebendo propostas e sugestões dos membros até a próxima reunião, agendada para acontecer durante a Exposição Agropecuária de Alegrete para finalizar o plano de trabalho integrado do CBH Ibicuí.

Regulamentação do uso do fogo como controle e manejo de carrapato

Na Sequência à reunião do CBH Ibicuí, com a participação dos prefeitos de Manoel Viana Gustavo Medeiros e de Alegrete Marcio Amaral e sob organização do vice-presidente do Sindicato Rural de Manoel Viana, Caio Nemitz, deu-se início por demanda de produtores locais, uma reunião para solicitar a regulamentação do uso do fogo como controle e manejo de carrapato e licenciamento por parte dos órgãos ambientais.

Os pecuaristas alegaram que as perdas nos últimos anos em função do carrapato na região têm sido absurdamente grandes, pois os atuais produtos não têm surtido efeito devido à seleção e multiplicação de carrapatos resistentes. Como solução, os produtores rurais e representantes de entidades ligadas à pecuária desejam que seja autorizado o uso do fogo como manejo no controle de carrapato, sugerindo que a autorização aconteça mediante a apresentação de projeto com responsável técnico.

Por outro lado, alguns elencaram que não existe comprovação cientifica e que “achismos” não serão suficientes para mudar a lei, que hoje autoriza o uso do fogo somente em áreas não mecanizadas, e que no balanço entre vantagens e prejuízos, quem sairia perdendo era a natureza.

Diante o impasse, os interessados se comprometeram em buscar apoio junto a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (FARSUL) e a Associação dos Municípios da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul (AMFRO) para exigir que o assunto seja tratado na Assembleia Legislativa no Estado.

Fonte: Informativo da AEAA e CBH Ibicuí