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CREA Entrevista: Jovem com TEA é aprovada em Engenharia Aeroespacial


Laís frequentou cursinho por apenas dois meses para encarar a terceira etapa da seleção. Créditos: Arquivo pessoal

O mês de abril é marcado por uma causa muito especial: a conscientização do Autismo. A ONU (Organização das Nações Unidas), em 2008, estabeleceu o dia 2 de abril como sendo o Dia Mundial de Conscientização do Autismo.
De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), há 1.532 autistas no ensino superior brasileiro. A partir do próximo semestre, esse número estará um pouco maior.

Conforme o DSM V, os graus de autismo variam de acordo com o grau de funcionalidade e dependência do paciente. É dividido em 3 graus. No Grau 1, o paciente é mais funcional e exige pouco apoio; no Grau 2: o paciente precisa de suporte, apresentando maior dificuldade tanto na comunicação verbal quanto não verbal, além de déficits aparentes na interação social. No Grau 3, o paciente é mais dependente e precisa de um suporte substancial.

Com apenas 18 anos, Laís Coelho, diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), ficou em sétimo lugar na lista de aprovados na Universidade de Brasília para cursar Engenharia Aeroespacial. Conversamos com a jovem estudante, que estudou em escola pública, para ver como a Engenharia chegou à sua vida!

CREA ENTREVISTA – Foi um sonho que se tornou realidade ao saber que você havia sido aprovada na UnB?

Laís Coelho – Era, sim. Desde 2019, meu principal objetivo era me sair bem no vestibular seriado (Programa de Avaliação Seriada), para poder estudar perto da minha avó em Brasília.

Como surgiu a sua escolha pela Engenharia Aeroespacial? Sempre foi a primeira opção?

Minha primeira opção variou muito ao longo destes anos. Pensei em Arquitetura, Design, Matemática, entre outros. Mas Engenharia foi a que ficou na decisão final, quando saiu o edital da última etapa.

Para você qual é o papel da Engenharia em um país como o Brasil? Se possível, conte um pouco o seu olhar sobre a profissão.

O Brasil é um país diverso, grande e populoso, mas ainda está em desenvolvimento. Por isso, acredito que é muito importante o desenvolvimento e a manutenção de tecnologias, soluções e projetos para o funcionamento tanto das áreas urbanas quanto das rurais, e, principalmente, dos diferentes meios de produção e transporte que um país continental precisa para se desenvolver.

O CREA-RS implantou neste ano o CREA-Jr e Crea Jovem, programas que viabilizam o conhecimento sobre o órgão regulador da futura profissão. Estes elementos fortalecem o estudante, deixando-o ainda mais preparado para o seu futuro. O que você acha de programas como estes?

Acho esses programas essenciais para a integração dos estudantes à profissão. Ouço muitos colegas e parentes falando sobre o quão perdidos ficam no final ou após a graduação. A dificuldade de entrar no mercado de trabalho e entender como funciona.

Seu diagnóstico de TEA aconteceu há relativamente pouco tempo. Poderia nos contar um pouco qual foi o impacto desse diagnóstico na sua rotina e como surgiu?

O objetivo era fechar o pré-diagnóstico de TDAH, mas, observando um pouco mais, a profissional observou outros traços e comportamentos. Os impactos da descoberta do TEA foram principalmente positivos. Consegui identificar algumas dificuldades com mais facilidade e pude solucionar várias delas. Mas também veio uma onda de frases capacitistas e preconceituosas como "nem dá pra perceber que você é autista". Eu finalmente pude descansar e parar de fingir e tentar ser neurotípica. Pude focar no que me faz bem e nos meus objetivos.

Para finalizar, você gostaria de deixar um recado para jovens com TEA ao redor do Brasil?

Eu queria agradecer aos jovens que fazem conteúdo neurodiverso nas redes sociais. Eles fazem eu me sentir menos sozinha e mais compreendida. Aos que também são espectadores dessa galera incrível, queria dar uma dica: procure um grupo de apoio ou de conversa. É uma experiência muito legal poder se identificar, desabafar e trocar dicas com pessoas que passam por coisas parecidas.

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