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Amilcar Adamy: uma vida dedicada à Geologia


Amilcar Adamy. Créditos: Arquivo Confea

Desde os primeiros passos acadêmicos até as grandes descobertas na Amazônia, a trajetória profissional de Amilcar Adamy foi guiada pela curiosidade, pelo amor à natureza e pelo compromisso com a Geologia. Neste ano, ele recebe o reconhecimento do Sistema Confea/Crea ao receber as Honrarias do Mérito na 80ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea), que acontece de 06 a 09 de outubro, em Vitória (ES). Confira a entrevista do homenageado para o site do Confea. 

Geólogo Amilcar Adamy


 Confea: Quando o senhor percebeu a vontade de seguir em sua profissão?
Amilcar Adamy: Após concluir o ciclo ginasial nos anos 60, mudei-me para Passo Fundo para cursar o 2º grau, onde despertei meu interesse pela Geologia. Tentei o vestibular para Geologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mas não fui aprovado na primeira tentativa. No ano seguinte, prestei novamente, tanto para Geologia quanto para Engenharia de Minas, e fui aprovado em ambos. Optei por Geologia, curso que realizei entre 1968 e 1971, mesmo em meio ao regime militar.
Ao me formar, ingressei na Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais  (CPRM), atuando inicialmente em Rondônia. Embora meu plano fosse retornar ao Sul, acabei me dedicando permanentemente à Amazônia, região à qual vinculei toda a minha trajetória profissional.

Confea: Quais foram as principais referências para isso (mestres, familiares, influências)?
Amilcar Adamy: A primeira informação sobre a profissão de geólogo partiu de uma professora de desenho na 3ª série ginasial (Alice Fleck) no ano de 1963, quando devido ao meu espírito irrequieto e curioso, comentou que deveria seguir a carreira de Geologia, de grande afinidade com a natureza. Confesso que nunca tinha ouvido comentar sobre esta carreira, que estava dando seus primeiros passos no Brasil. Alguns anos depois, descobri que a minha cidade natal, Ibirubá-RS, já tinha formado um geólogo chamado Elimar Trein, filho de um grande amigo de meu pai e que trabalhava em Curitiba. Após algumas tentativas, em um dos períodos de férias do mesmo, estabeleci contato com ele e pela sua solicitude, soube, então, das principais atividades profissionais desenvolvidas por um geólogo. A partir de então, foi crescendo dentro de mim uma vontade inquebrantável de seguir este caminho profissional.

Confea: Quais os principais projetos e feitos na sua área?
Amilcar Adamy: Ao longo de cinco décadas, atuei em diversos projetos geológicos em estados como Acre, Pará e, principalmente, Rondônia. Destaco três grandes projetos na área de geologia: o Projeto Noroeste de Rondônia (1972–1975), o Projeto Província Estanífera de Rondônia (1976–1978) e o Projeto Porto Velho-Abunã (concluído em 1990). Em 1984, coordenei o Projeto Carta Metalogenética da Folha SC.20 – Porto Velho, e em 1985, participei do mapeamento geológico e prospecção para ouro no Tapajós, Pará.
Entre 1989 e 1992, estudei garimpos na bacia do Rio Madeira. De 1992 a 1996, fui Chefe da Delegacia do Ministério de Minas e Energia (MME) em Rondônia e Acre. Depois, voltei à CPRM e passei a atuar em projetos de gestão territorial, como o Projetos de Integração Mineral em Municípios da Amazônia (Primaz), e em estudos para disposição de resíduos sólidos em mais de 15 municípios.
Em 2002, organizei o relatório final do Zoneamento Ecológico Brasil–Bolívia. Em 2004/2005, colaborei no estudo de viabilidade das UHEs Santo Antônio e Jirau, com foco em geomorfologia. A partir de 2010, me dediquei aos projetos de geodiversidade, coordenando os relatórios dos estados de Rondônia (2010), Acre (2015) e de cinco municípios rondonienses (2018–2021).
 

Confea: Entre estes, qual o senhor destaca? Fale um pouco sobre ele.
Amilcar Adamy: O projeto que mais me trouxe realização profissional foi o de Geodiversidade, tema inovador no Brasil e promovido pela CPRM (atual Serviço Geológico do Brasil - SGB). Tive a oportunidade de liderar os levantamentos nos estados de Rondônia e Acre, e posteriormente em cinco municípios rondonienses: Alto Alegre dos Parecis, Alto Paraíso, Cacoal, Espigão do Oeste e São Francisco do Guaporé. Esse trabalho traduz o conhecimento geológico-científico para apoiar o uso sustentável do território, considerando a diversidade de ambientes, rochas, solos, águas e paisagens.
Um marco importante foi a descoberta, em 2010, da primeira paleotoca da Amazônia, em Vista Alegre do Abunã, escavada por preguiças gigantes há mais de 10 mil anos. Essa descoberta ganhou repercussão nacional e internacional e levou à identificação de outras dez estruturas semelhantes.

Confea:  Qual a importância deste reconhecimento pelo Sistema Confea/Crea?
Amilcar Adamy: Sempre estive envolvido com movimentos de classe. Ainda estudante, fui presidente do Centro Acadêmico de Geologia da UFRGS. Já em Rondônia, ajudei a fundar a Associação dos Geólogos, Engenheiros e Agrônomos de Rondônia (Agea), e, mais tarde, a Associação Profissional dos Geólogos do Estado de Rondônia (Aprogero), da qual fui presidente. Atuei como conselheiro do Crea-RO por três mandatos, ocupando cargos como vice-presidente e coordenador de câmara especializada.
Receber o reconhecimento do Confea/Crea é uma grande honra. Representa o reconhecimento de uma vida dedicada à geologia e à valorização da profissão, especialmente na Amazônia. Esse reconhecimento soma-se a outras homenagens que muito me orgulham, como o título de Cidadão Honorário de Rondônia, a Comenda Madeira-Mamoré e a placa pelos 52 anos de serviços prestados à CPRM.


Fernanda Pimentel
Equipe de Comunicação do Confea 

 

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