A inovação vem sendo uma preocupação cada vez maior no Sistema Confea/Crea. E não poderia ser diferente nas entidades, que representam o primeiro movimento em direção às conquistas proporcionadas pelo sistema profissional. Em Santa Catarina, as iniciativas da Associação Sul Catarinense de Engenheiros e Arquitetos (Ascea) vêm chamando a atenção. “Transformar ideias em ação” vem sendo o foco da entidade, cuja vice-presidente, eng. civ. Rafaela Fabris, deu início, durante seu mandato à frente da entidade, ao projeto InovaAscea, com o objetivo de cocriar uma cultura de inovação entre os profissionais da engenharia, como ela também destaca na entrevista abaixo.
Em 2022, por exemplo, ela descrevia ainda propostas relacionadas ao dia a dia dos profissionais e à inclusão feminina, durante debate promovido pelo Confea junto a entidades precursoras da região Sul. Em relação ao InovAscea, Rafaela conta que “a proposta de cocriação e de oficinas práticas exigiu uma mudança de mentalidade — tanto interna quanto dos próprios profissionais participantes. Superamos esse desafio com um trabalho contínuo de sensibilização, escuta ativa e envolvimento da base”. A iniciativa conta com o apoio do edital de Fomento do Confea este ano. Em 2024, ele havia sido um dos projetos atendidos pelo edital de Patrocínio.
Confea – Quais foram os principais objetivos da Ascea ao iniciar os eventos voltados à promoção da inovação dentro das entidades de classe? Pode falar um pouco sobre os projetos?
Eng. civ. Rafaela Fabris – A Ascea iniciou o projeto InovaAscea com o objetivo de cocriar uma cultura de inovação entre os profissionais da engenharia. O primeiro evento teve um caráter mais estratégico, reunindo lideranças e profissionais para discutir os desafios da engenharia e construir, de forma coletiva, uma visão de futuro para a entidade e para a atuação profissional. A partir dessa primeira edição, entendemos a importância de transformar ideias em ação. Por isso, avançamos para um outro momento, com um evento prático e imersivo, baseado em metodologias de oficina colaborativa, como mapeamento de problemas, ideação e prototipação. Essa transição foi essencial para colocar a inovação em prática e mostrar aos profissionais que eles podem ser protagonistas na criação de soluções dentro da própria entidade.
Confea – Como os eventos promovidos pela Ascea têm impactado os profissionais associados e a comunidade técnica da região?
Eng. civ. Rafaela Fabris – Os eventos promovidos pela Ascea têm contribuído para fortalecer o senso de pertencimento dos profissionais, aproximando a entidade da base e despertando um novo olhar sobre o papel da engenharia na sociedade. Ao adotar uma abordagem mais colaborativa e voltada para a inovação, conseguimos criar espaços onde os profissionais se sentem parte ativa das transformações e das decisões que afetam a sua atuação. Essa movimentação tem gerado conexões valiosas entre profissionais de diferentes gerações, impulsionado ideias e fomentado o empreendedorismo e a busca por soluções mais criativas para os desafios da área. Além disso, a comunidade técnica passou a enxergar a entidade como um ambiente moderno, aberto ao diálogo e conectado com as tendências que impactam o futuro da engenharia. Esse reposicionamento tem atraído cada vez mais profissionais, especialmente os mais jovens, e reforçado a relevância da atuação associativa no desenvolvimento regional.
Confea – Algum desses projetos contou com apoio ou patrocínio do Sistema Confea/Crea?
Eng. civ. Rafaela Fabris – Sim. O InovaAscea, com foco em oficina prática e aplicação de metodologias de inovação, contou com o patrocínio do Sistema Confea/Crea por meio do edital de patrocínio em 2024 e fomento em 2025. Esse apoio foi fundamental para viabilizar a estrutura necessária ao evento, garantir a presença de facilitadores e permitir a produção de materiais que tornaram a experiência mais rica e acessível. A parceria reforça o compromisso do Sistema com a valorização profissional e a promoção da inovação como pilar estratégico.
Confea – Quais foram os maiores desafios enfrentados na implementação desses projetos inovadores e como a associação os superou?
Eng. civ. Rafaela Fabris – O principal desafio foi conduzir a entidade por um caminho novo, que rompe com o modelo tradicional de eventos técnicos. A proposta de cocriação e de oficinas práticas exigiu uma mudança de mentalidade — tanto interna quanto dos próprios profissionais participantes. Superamos esse desafio com um trabalho contínuo de sensibilização, escuta ativa e envolvimento da base. Investimos em uma comunicação clara sobre o propósito do projeto, formamos uma equipe comprometida com a inovação e apostamos em metodologias participativas que deram segurança aos participantes para contribuírem de forma criativa.
Confea – Que aprendizados a Ascea pode compartilhar com outras entidades de classe que desejam seguir um caminho semelhante de inovação e engajamento?
Eng. civ. Rafaela Fabris – O primeiro grande aprendizado é que inovação se constrói em etapas. Começamos com a escuta e a cocriação da cultura de inovação, e só depois avançamos para as ações práticas. Esse processo gradual foi essencial para gerar engajamento genuíno e consolidar o propósito da entidade como promotora de transformação. Outro ponto importante foi perceber que a inovação não está apenas na tecnologia, mas principalmente na forma como nos relacionamos com os profissionais. Quando a entidade se abre para ouvir, testar e cocriar junto, ela se torna um espaço vivo, atrativo e relevante. Aos que desejam seguir esse caminho, nossa sugestão é: comecem com o que têm, valorizem as pessoas que querem contribuir e apostem em formatos participativos. A inovação nasce do coletivo.
Fernanda Pimentel
Equipe de Comunicação do Confea
