

Créditos: Sto Rei e Impacto/Confea
A programação do último dia da 80ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea), em Vitória (ES), teve início nesta quinta-feira (9/10) com a homenagem à presidente da Petrobras, eng. civ. Magda Chambriard, representada pelo gerente executivo de Gestão de Programas Estruturantes da Petrobras, eng. mec. Wagner Victer, e pela diretora executiva de Exploração e Produção da empresa, geol. Sylvia Anjos. Impossibilitada de participar da programação devido ao anúncio de investimentos no Estaleiro Enseada e à reabertura da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen-BA), ao lado do presidente Lula, em Maragogipe (BA), Magda recebeu a Medalha do Mérito do Sistema Confea/Crea e Mútua.
“Além da reabertura da nossa fábrica de fertilizantes, aproveitando o gás natural da Fafen, junto à diretora Silvia, nós estamos fazendo um amplo programa de perfuração de poços na Bahia. Ou seja, nós estamos investindo pesado na geração de emprego e de tecnologia no Brasil, por isso a presidente Magda tinha que acompanhar o presidente Lula”, disse Wagner, agradecendo ainda pela outorga da Medalha do Mérito.
“Além do Crea-RJ, gostaria de agradecer a duas entidades que juntamente com a chanceler Carmen Petraglia levaram o nome da presidente Magda Chambriard a esse momento: a ABEA-RJ, presidida pela engenheira Iara Nagle, e a Sobes”. Em vídeo, a homenageada afirmou que “esse reconhecimento é uma importante conquista que simboliza tudo o que podemos alcançar quando acreditamos no poder transformador da engenharia que me fez ser presidente dessa grande empresa. Divido esse prêmio com todos os funcionários, em especial, todos os engenheiros e engenheiras da Petrobras”.
Emprego e soberania
Ao iniciar sua apresentação “A Indústria do Petróleo como Alavancadora do Desenvolvimento Econômico, da Tecnologia e da Sustentabilidade Ambiental do Brasil”, Wagner Victer citou que a Petrobras talvez seja o grande empregador da área tecnológica brasileira. “Não só da Engenharia, mas também das Geociências”. Aos 72 anos, a entidade “superou uma série de desafios que eram colocados ao Brasil: primeiro, diziam que o Brasil não precisava de uma empresa de petróleo, utilizavam o Brasil como um grande mercado, mas não desenvolviam. Cria-se a Petrobras, formam-se os primeiros geólogos e nós começamos a descobrir petróleo não só em terra, mas principalmente no mar, em um desafio tecnológico fantástico que sequer muitas empresas no mundo chegam aos pés da Petrobras”.
Em um posicionamento importante para a própria história da Soea, o gerente de Programas Estruturantes destacou que “é fundamental mantermos vivas as nossas atividades voltadas à energia e ao petróleo. É inaceitável que o Brasil hoje caia em pautas internacionais que estão criando obstáculos para os engenheiros eletricistas, impedindo a continuidade da indústria do petróleo brasileiro. Isso é um trabalho de lesa-pátria e fundamentalmente um trabalho que vai contra o meio ambiente porque hoje o Brasil é o país que produz petróleo com menos carbono associado, em relação aos grandes países produtores do mundo. Não produzir petróleo no Brasil representa não ter recursos para a pesquisa e o desenvolvimento que hoje têm como grande fonte os recursos do petróleo”.
Ao falar em Margem Equatorial e Bacia de Campos, segundo Victer, não estamos atendendo a uma “mera sanha exploradora”, mas a uma ação que vai subsidiar a transição energética e garantir empregos para profissionais e a preservação ambiental, o engenheiro lembrou que o primeiro Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS, da ONU) é acabar com a pobreza e a miséria, trabalhando alinhado com o desenvolvimento econômico. “Não há meio ambiente se você não tem emprego, desenvolvimento econômico. Nós não podemos nos abster de discutir isso em um evento como a Soea. Lógico que a questão climática é fundamental, sem negacionismo com isso, mas, hoje, o Brasil só é responsável por 1% das emissões fósseis do mundo. Se o Brasil parar a produção e o consumo de todos os combustíveis fósseis, nós representaríamos 1%. Então, fazer discursos contra a produção de petróleo brasileiro atende, possivelmente, a interesses internacionais, geopolíticos. E um congresso de engenharia não pode se abster de debater temas como esse porque sem petróleo, sem fontes de energia, o Brasil não terá emprego para uma área de tecnologia de ponta, que é a indústria do petróleo”, ressaltou, dizendo-se impressionado com o nível das discussões apresentado durante a Soea.
Trajetórias e propósitos
A diretora Sílvia Anjos, primeira mulher a embarcar em uma plataforma de petróleo e profissional de carreira da empresa, foi anunciada por Wagner. “Cinco dos nove diretores são mulheres, isso nunca aconteceu na história da Petrobras. Hoje a Petrobras tem uma presidente que vai ser homenageada que é Engenheira. A última vez que isso aconteceu foi com a Graça Foster, ainda no governo Dilma. Nesse período, nós tivemos como presidentes um jornalista, economista e até general. Buscavam descontruir a empresa. Até a Universidade Petrobras foi desconstruída”, apontou ele, informando em seguida que todos os engenheiros são contratados como tais, inclusive com a exigência de seu registro anual no Crea.
Após saudar o evento, Sílvia respondeu o questionamento sobre sua trajetória e a homenagem à presidente Magda Chambriard. “Nós temos um time extremamente técnico, Petrobras Raiz. Nosso objetivo é fazer a Petrobras Great Again”, disse, parodiando o presidente Donald Trump. Referindo-se à empresa como a maior empregadora de engenheiros, de geólogos e de geofísicos do país, ela considerou que o Brasil, de grande importador, hoje exporta petróleo. “Hoje, o petróleo é a primeira receita de exportação do país. Em 2006, ficamos autossuficientes e descobrimos o Pré-Sal. Hoje, ele nos faz operar 4 milhões e 600 mil barris por dia, somos o sexto maior produtor do mundo, com 3 milhões e 200 mil da Petrobras e o resto dos parceiros”, descreveu, atribuindo essa produtividade às descobertas constantes.
O dado mais preciso é de que o país produz atualmente mais de cinco milhões de barris, dos quais 90% são operados pela Petrobras. “Isso porque desde o início a empresa foi criada, fortalecendo as áreas de engenharia e de geociências para descobrir e para produzir. Esse resultado é por forte investimento nas pessoas, que entram na Petrobras porque querem ter uma formação e um propósito. E a gente quer ser grande para o Brasil ser grande. Sem um forte propósito, você não resiste aos ataques”, disse, lembrando que ao entrar na empresa, sequer havia banheiro para geólogas, descrevendo o início da sua trajetória e a atual participação feminina na diretoria. “Quando você tem pessoas com um forte fundamento técnico, você fortalece desde a base”.
Texto e edição: Henrique Nunes (Confea)
Fotos: Sto Rei e Impacto/Confea
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