Agricultura familiar, agronegócio sustentável e segurança alimentar estiveram entre os principais temas da terceira reunião da Coordenadoria de Câmaras Especializadas de Agronomia (CCEAGRO), realizada entre 29 e 31 de julho, em Manaus (AM). Pelo CREA-RS, participou o Eng. Agr. Alexandre Zillmer, coordenador da Câmara de Agronomia do Conselho gaúcho.
O diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Henrique Pereira, abriu a agenda da CCEAGRO com palestra dedicada às soluções desenvolvidas pelo instituto em relação à agricultura familiar e ao agronegócio sustentável. O instituto atua em seis grandes áreas: biodiversidade, ecologia, dinâmica ambiental, sociedade, tecnologia e inovação – um tema de grande relevância dentro dos debates da agronomia, que exerce um papel essencial no desenvolvimento econômico, científico e sustentável do Brasil.
“Falamos aqui da possibilidade do desenvolvimento de uma agricultura tropical com base nas espécies nativas da Amazônia e adaptadas à mudança do clima, o tema do momento. É bom lembrar que o Brasil irá sediar a Conferência das Partes da Convenção do Clima, a COP, e a questão da agricultura tem que estar à frente dessa agenda porque no mundo em que o clima muda, nós vamos precisar de sistemas produtivos e sistemas agroalimentares sustentáveis e adaptados”, pontuou o diretor do INPA.
Na avaliação do coordenador da CCEAGRO, a apresentação foi uma oportunidade para os coordenadores das câmaras de agronomia de todo o país esclarecerem dúvidas e conhecerem mais os estudos aplicáveis à agricultura. “A palestra mostrou a importância da agronomia e da pesquisa para a soberania e segurança alimentar do nosso país”, afirmou o engenheiro agrônomo Francisco Joseraldo do Vale.
Certificação
Ao longo da reunião, os integrantes da CCEAGRO conversaram sobre os detalhes da certificação de engenheiros agrônomos pela Sociedade Americana de Agronomia (ASA, na sigla em inglês). Lançada pelo Confea em 10 de julho, a iniciativa inédita no país valida o conhecimento técnico e a competência do engenheiro agrônomo de acordo com padrões reconhecidos globalmente. Além de destacar o profissional no mercado nacional, a certificação também amplia suas oportunidades de atuação em empresas multinacionais, ONGs internacionais e projetos de cooperação agrícola pelo mundo.
O Certified Professional Agronomist Engineer (CPAE) – Brazil será gerido pela ASA, uma organização que é referência mundial em práticas agrícolas sustentáveis e certificações. O Confea, parceiro institucional, será responsável por validar a regularidade profissional, a experiência comprovada e a integridade ética dos candidatos.
A primeira avaliação está prevista para este mês. Já o próximo ciclo de provas terá inscrições de 1º a 27 de outubro e os exames poderão ser agendados para o período de 5 a 19 de novembro. As provas estarão disponíveis em português, e os profissionais registrados no Sistema Confea/Crea terão 25% de desconto no processo de certificação. Os critérios para se tornar um engenheiro agrônomo certificado são: ter registro ativo e regular no Sistema Confea/Crea e Mútua; comprovar no mínimo 5 anos de experiência profissional, registrada por meio de ARTs e acervo técnico; e não possuir sanções ético-disciplinares transitadas em julgado. A validade do certificado será de dois anos, com exigência de atualização profissional contínua.
Posicionamento
A CCEAGRO também analisou o Projeto de Lei nº 4.594/2021, que dispõe sobre o exercício da profissão de zootecnista. A coordenadoria manifestou-se contrariamente ao texto por entender que sua aprovação compromete direitos historicamente consolidados dos engenheiros agrônomos e médicos veterinários no exercício de atividades relacionadas à zootecnia. De acordo com o fórum, essas atribuições são parte indissociável da formação e atuação desses profissionais, como reconhecido em legislações vigentes, diretrizes curriculares e na própria origem dos cursos de agronomia no Brasil.
Em defesa da atuação técnica qualificada e do interesse público, a CCEAGRO defende a retirada do projeto de tramitação, considerando que o PL representa um retrocesso ao limitar a atuação de categorias amplamente capacitadas, colocando em risco o atendimento à crescente demanda do setor agropecuário nacional. O documento assinado pelo titular da coordenadoria irá embasar o posicionamento do Confea sobre o projeto de lei, considerando os potenciais efeitos para profissionais, produtores rurais e sociedade.
No último dia de encontro, as lideranças das câmaras de agronomia dos Creas tiveram a oportunidade de visitar fazendas produtoras de café, açaí cultivado, citros e peixes na Amazônia.
Ao avaliar o encontro, a engenheira agrônoma e conselheira federal Giucélia Figueiredo ressaltou a produtividade e a harmonia dos debates, que evidenciaram o compromisso coletivo com o fortalecimento da atuação profissional na agronomia.
“Durante a reunião destacamos nossa responsabilidade não só para a produção de alimentos, mas também para a segurança alimentar. Nós entendemos a importância do nosso sistema profissional nessa questão, nessa temática da segurança alimentar e, logicamente, a nossa participação enquanto profissionais da agronomia na produção de alimentos para garantir a sustentabilidade da nossa agricultura”, comentou Giucélia durante o evento, que teve a participação ainda dos conselheiros Aysson Filho e Amarildo Lima. A CCEAGRO volta a se reunir em novembro para o último encontro do ano.
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Julianna Curado / Equipe de Comunicação do Confea, com informações da Ascom do Crea-AM
