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Confea alerta para déficit de engenheiros e defende foco na matemática


Representando o Confea, o vice-presidente Nielsen Christianni. Créditos: Arquivo Confea

Na quarta-feira (13), o Confea participou de audiência na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados para discutir a aprendizagem de matemática e o novo Plano Nacional de Educação (PNE). A iniciativa partiu da deputada Professora Goreth (PDT-AP) e do deputado Rafael Brito (MDB-AL), que destacaram, em requerimento, a ausência de menção à disciplina matemática em metas ou estratégias voltadas à Educação Básica no texto do PNE 2024–2034.  

Representando o Confea, o vice-presidente Nielsen Christianni falou da preocupação da entidade com a qualidade da formação profissional nas áreas de engenharia, agronomia e geociências. “Temos tido uma preocupação real e muito forte com a qualidade da nossa formação. Somos o Conselho que prima pela questão da qualidade da segurança dos serviços de engenharia, agronomia e geociências, que envolve modalidades profissionais que atuam diretamente no desenvolvimento do nosso país, com foco na melhoria da qualidade de vida das pessoas, quer seja na área de água e saneamento, habitação de todos os tipos, inclusive habitação de interesse social, produção de alimentos, geração de energia e na inovação e tecnologia”, comentou Nielsen.

O vice-presidente do Confea alertou ainda para um possível déficit significativo de profissionais de engenharia, agronomia e geociências no Brasil nos próximos anos, o que pode comprometer o desenvolvimento nacional. “Temos alguns estudos que apontam que em breve teremos um déficit de 400 mil profissionais no país. E pasmem: temos uma evasão de aproximadamente 400 mil estudantes nos cursos de engenharia. Parte da barreira disso tem sido essa base de formação no ensino fundamental, sobretudo a questão da matemática”, ressaltou.

César Callegari


Para o presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), César Callegari, a formação de professores é o ponto central para promover mudanças significativas no sistema educacional brasileiro. Para ele, essa é a principal urgência para que o país construa um ensino verdadeiramente inclusivo e supere o que considera um “processo de exclusão programada” que ainda persiste nas escolas. “O principal fator de desenvolvimento educacional é relacionado aos profissionais de educação, então temos de priorizar a revisão das diretrizes curriculares de pedagogia em primeiro lugar. Temos de investir em uma nova geração de professores no Brasil, temos de trazer para o magistério os melhores, foi assim que países avançaram do ponto de vista educacional, econômico, tecnológico e cultural. Precisamos ter uma decisão política neste sentido para que esses profissionais tenham formação inicial e continuada, carreira e remuneração”, destacou.

Tereza Santos Farias


A coordenadora-geral de Ensino Fundamental do Ministério da Educação, Tereza Santos Farias, salientou que o governo federal está empenhado em fortalecer a governança e pactuar estratégias para melhorar a aprendizagem nas escolas. “Estamos trabalhando na apresentação de um diagnóstico para cada um dos estados sobre a aprendizagem, as ofertas de formação e quais são os principais gargalos. A proposta é fazer uma pactuação de aproximadamente 6 meses a 1 ano para que cada um dos governadores pactue com seus prefeitos e, assim, consigamos ter o delineamento de algumas metas e possamos avançar. Vamos ter que olhar para as metas que são realistas e factíveis, que nos permitam sair do lugar. Então, a partir dos documentos que foram apresentados aqui, vamos fazer o estudo para incorporar em um conjunto de orientações técnicas para as redes de ensino”, afirmou Tereza.  

Ao final da reunião, Nielsen reforçou a disposição do Confea em contribuir ativamente para o debate sobre a qualificação profissional. “Temos uma preocupação real em relação a essa questão e, já parabenizando a iniciativa, gostaríamos de estar aliados, participando desse processo de construção de forma a reverter esse quadro que nós entendemos que é caótico e pode levar o nosso país a não atender um desenvolvimento que nós esperamos. Desconhecemos alguma nação nesse planeta que tenha se desenvolvido, que tenha dado cidadania às pessoas sem o investimento em educação”, concluiu o vice-presidente do Conselho.  

Educação em números  
Dados recentes evidenciam um cenário preocupante para o ensino de matemática no Brasil. Em 2023, apenas 44% dos alunos da rede pública tiveram aprendizado adequado nos anos iniciais do Ensino Fundamental, índice que cai para 16% nos anos finais e para apenas 5% ao concluir a Educação Básica — mesmo na rede privada, o percentual é baixo, de 31%. No ranking de 2022 do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês), o país ocupa a 65ª posição entre 81 participantes, com apenas 27% dos estudantes atingindo o nível básico de proficiência, frente a 69% na média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). 

Entre os mais vulneráveis, o índice de aprendizado adequado despenca para 3%. No Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (TIMSS, na sigla em inglês), o Brasil superou apenas Kuwait e África do Sul no 4º ano do Fundamental e ficou à frente apenas da Costa do Marfim no 8º ano. Além disso, 49% dos estudantes do 4º ano e 38% do 8º ano não atingiram o nível básico, e mais de 15% sequer conseguiram realizar a prova de forma satisfatória.

 

Veja como foi o debate

 

Fernanda Pimentel e Julianna Curado  / Equipe de Comunicação do Confea, com informações da  Agência Câmara de Notícias 

 

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