
A 4ª Reunião Ordinária da Coordenadoria de Câmaras Especializadas de Engenharia Civil (CCEEC), realizada em Brasília entre 3 e 5 de setembro, consolidou 2025 como um ano de avanços significativos para a engenharia civil. Segundo o coordenador nacional, Daniel Diniz, dois temas marcaram a agenda: a modernização da fiscalização e a gestão de resíduos da construção civil. A primeira pauta destacou o Plano Integrado de Tecnologias para Fiscalização que inclui aplicativo nacional georreferenciado, dashboard de inteligência de dados, checklists digitais e uso de inteligência artificial. Somado a isso e com foco na gestão de resíduos da construção civil, a CCEEC avançou com a Cartilha de Resíduos, que servirá de guia prático para profissionais e empresas adotarem soluções mais sustentáveis. Saiba mais sobre esses e outros temas na entrevista a seguir com o coordenador Daniel:
Confea: Sendo esta a última reunião de 2025, como você avalia os avanços alcançados pela CCEEC ao longo do ano?
Daniel Diniz: O ano de 2025 está sendo marcado por avanços significativos para a CCEEC. Consolidamos diagnósticos nacionais com o uso do Dashboard de Fiscalização, evoluímos na construção da Cartilha de Resíduos Sólidos da Construção Civil e fortalecemos o intercâmbio de experiências entre os Creas. Também lançamos a Cartilha das Concreteiras, ampliando a orientação técnica para um setor fundamental da engenharia civil. Outro marco importante foi a aprovação de um Plano Plurianual consistente, que dará continuidade às ações da coordenadoria e estabelecerá uma agenda de trabalho estratégica para os próximos três anos, contemplando temas essenciais como segurança estrutural, fiscalização, sustentabilidade, inovação e valorização profissional. Um dos pontos centrais do ano foi a diretriz da presidência do Confea para a implantação do projeto de controle nacional de fiscalização, que resultou na criação do dashboard, instrumento inovador que permitirá mais transparência, planejamento e efetividade. Além disso, registramos avanços relevantes no campo da valorização profissional e, em especial, na luta contra o ensino 100% a distância na formação em engenharia civil, uma pauta em que conseguimos êxito, como vem sendo reconhecido em diferentes veículos de mídia, assegurando assim maior qualidade na formação dos futuros profissionais. Esses resultados demonstram a maturidade da CCEEC em propor soluções modernas e de impacto para a engenharia civil brasileira.
Confea: Para esta reunião estava prevista a apresentação da Cartilha de Resíduos Sólidos da Construção Civil. Que resultados práticos ela deve gerar para o setor?
Daniel Diniz: Foi aprovada a versão preliminar da Cartilha de Resíduos Sólidos da Construção Civil que deverá servir como guia técnico e educativo para profissionais, empresas e gestores públicos. Sua aplicação prática está ligada diretamente à redução de custos, ao incentivo ao reaproveitamento de materiais e ao cumprimento da legislação ambiental, fortalecendo a sustentabilidade no setor. Além disso, ela dialoga com as diretrizes do Fórum Temático de Infraestrutura Sustentável e Cidades Inteligentes, ao incorporar princípios ESG (sigla em inglês para Environmental, Social and Governance ou Ambiental, Social e Governança) e contribuir para cidades mais modernas e resilientes.
Confea: E olhando para 2026, que temas você acredita que devem estar no centro das discussões e ações da engenharia civil?
Daniel Diniz: Para 2026, a prioridade será a implementação efetiva do Plano Integrado de Tecnologias para Fiscalização, assegurando padronização e eficiência em âmbito nacional. Além disso, os Fóruns Temáticos aprovados no Plano Plurianual irão orientar os debates do próximo triênio. A expectativa é avançar na consolidação de protocolos nacionais de segurança estrutural, na promoção de obras mais sustentáveis e inteligentes, no fortalecimento das diretrizes ESG e na valorização profissional, com atualização curricular em áreas como BIM e inteligência artificial, além da defesa do piso salarial. Outro tema que deverá estar em evidência é a discussão sobre os limites das atribuições dos técnicos, uma vez que em alguns casos se observa a extrapolação de competências, o que gera insegurança técnica e jurídica. Também será pauta estratégica a consolidação de proposta para garantir que cargos técnicos da administração pública sejam ocupados por engenheiros, com critérios claros de seleção e padronização de processos, de forma a assegurar a qualidade das decisões técnicas no serviço público. Questões relacionadas a saneamento e ao abastecimento de água potável nas cidades mais necessitadas também devem ganhar relevância, visto que ainda representam um dos maiores desafios nacionais em infraestrutura básica. Dessa forma, a CCEEC se prepara para manter a engenharia civil alinhada às demandas da sociedade e pronta para enfrentar os desafios atuais e futuros com responsabilidade e inovação.
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Julianna Curado / Equipe de Comunicação do Confea