Notícia

Câmara de Engenharia Química do CREA-RS alerta: crise do metanol ainda preocupa


A crise do metanol ainda é realidade e exige atenção técnica. Créditos: Arquivo CREA-RS

A Câmara Especializada de Engenharia Química do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-RS), diante dos recentes casos de intoxicação por metanol em diferentes estados do país, incluindo episódios no Rio Grande do Sul, vem a público alertar a sociedade sobre os riscos associados ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas e/ou falsificadas e esclarecer aspectos técnicos relacionados a esse grave problema de saúde pública. A ocorrência de internações e óbitos decorrentes da ingestão de metanol evidencia a necessidade de atuação coordenada entre órgãos de fiscalização, autoridades sanitárias, serviços de saúde e profissionais da engenharia, de modo a prevenir novos casos e proteger a população.

O metanol (CH3OH) é um álcool utilizado amplamente na indústria como solvente e insumo químico, mas que não deve estar presente em bebidas alcoólicas. Sua ingestão, mesmo em pequenas quantidades, pode causar efeitos extremamente tóxicos, incluindo cegueira, danos neurológicos irreversíveis, falência de múltiplos órgãos e morte. Os sintomas geralmente aparecem entre seis e setenta e duas horas após o consumo, podendo iniciar de forma inespecífica com dor cabeça intensa, náuseas, dor abdominal intensa, vômitos, vertigem e confusão mental, evoluindo para alterações visuais como visão turva, fotofobia ou perda total da visão, além de convulsões, coma e parada respiratória nos casos mais graves. O diagnóstico clínico envolve a avaliação de acidose metabólica, podendo ser confirmado por cromatografia gasosa do sangue. O tratamento exige atendimento médico imediato, suporte intensivo, uso de antídotos específicos.

A presença de metanol em bebidas pode ser consequência da adulteração intencional para aumentar fraudulentamente a graduação alcoólica, a inexistência de controle analítico ou contaminações no processo produtivo.

Diante das diversas fontes de contaminação e de possibilidades de confusão entre os diversos insumos químicos — álcoois muito especialmente —, o conhecimento sobre identificação de processos de origem, aspectos químicos e toxicológicos, além das normas técnicas sanitárias, reforça a relevância dos profissionais engenheiros químicos e engenheiros de alimentos na defesa e preservação da saúde.

É fundamental que quando forem consumidas bebidas alcóolicas, que sejam adquiridas apenas bebidas de origem conhecida, com rótulo e lacre íntegros, evitando produtos de procedência duvidosa, comercializados informalmente ou a preços muito inferiores ao praticado no mercado. Caso haja aparecimento de sintomas após o consumo, a recomendação é procurar imediatamente atendimento médico para avaliação e início precoce do tratamento, que é decisivo para evitar sequelas graves ou morte. Por sua vez, os serviços de saúde devem manter vigilância clínica e laboratorial ativa para identificação de casos suspeitos, notificação aos centros de informação e assistência toxicológica e adoção imediata dos protocolos de tratamento disponíveis, mesmo na ausência de confirmação laboratorial, quando houver forte suspeita clínica.

O enfrentamento desse problema também demanda ações firmes dos órgãos de fiscalização e vigilância sanitária, com intensificação de inspeções em pontos de venda e locais de produção, coleta e análise de amostras suspeitas e promoção de campanhas educativas amplas. Nesse contexto, a engenharia química e a engenharia de alimentos desempenham papel essencial no projeto, operação e controle dos processos de destilação, assegurando a qualidade do produto final, bem como na implementação de sistemas de controle de qualidade e boas práticas de fabricação, na atuação como responsável técnico por estabelecimentos produtores e no apoio a investigações técnicas em casos de intoxicação coletiva, por meio de perícias e análises laboratoriais.

A Câmara Especializada de Engenharia Química do CREA-RS reafirma seu compromisso com a segurança dos processos industriais e com a proteção da saúde pública, colocando-se à disposição para colaborar com autoridades sanitárias e órgãos responsáveis na prevenção, investigação, mitigação e fiscalização dos riscos relacionados à presença de metanol em bebidas alcoólicas.

O combate à circulação de produtos adulterados depende de ações integradas, da aplicação rigorosa da legislação e da valorização do conhecimento técnico especializado, garantindo à população o acesso a produtos seguros e conformes as normas vigentes.

Outras Notícias

COLUNA SEMANAL

A Coluna Semanal é o newsletter encaminhado todas as sextas-feiras aos profissionais, empresários, estudantes e interessados nos temas da área tecnológica. Colunas Anteriores

FIQUE POR DENTRO DE TODAS AS NOVIDADES AGORA MESMO: