CREA-RS promove manhã de palestras e depoimentos sobre a saúde da mulher

Evento fecha o Outubro Rosa. Créditos: Arquivo CREA-RS
Em alusão ao Outubro Rosa e ao Dia Nacional da Conscientização sobre o Câncer de Mama e Direitos das Mulheres, o CREA-RS reuniu, na manhã desta terça-feira (28), no Auditório Farroupilha, funcionárias e profissionais em um encontro especial voltado à reflexão, à prevenção e ao fortalecimento das redes de apoio às mulheres.
Promovido pelo Programa Mulher do CREA-RS, o evento foi aberto pela presidente, Eng. Amb. Nanci Walter, primeira mulher eleita pelo voto direto à Presidência do Conselho. Em sua fala, destacou o encontro e as temáticas abordadas. “Tenho muito orgulho de ser engenheira e de trabalhar com cada uma de vocês. Hoje é um momento especial para falarmos da importância de nos cuidarmos, para que possamos ter ainda muitos encontros como este. Nossa saúde deve estar sempre em primeiro lugar”, afirmou.
Também presente, a coordenadora do Comitê Programa Mulher do CREA-RS, Eng. Civ. Maria Eugenia Lucas Cardoso, reforçou a relevância da iniciativa. “Momentos como este, em que paramos e nos reunimos para falar de assuntos que permeiam nossa vida, nos enchem de orgulho. O Programa Mulher veio justamente para abranger várias nuances desses problemas tão corriqueiros no dia a dia das mulheres. É nosso papel disseminar o que aprendemos aqui”, destacou.
A programação contou com palestras e depoimentos que abordaram diferentes aspectos relacionados à prevenção e ao acolhimento às mulheres acometidas pelo câncer de mama e pelo violência de gênero.
A médica mastologista do Hospital Moinhos de Vento e do Imama Dra. Talita Cerutti abriu o ciclo de falas destacando dados e alertas sobre o câncer de mama. “É o mais frequente no mundo, perdendo apenas para o câncer de pele não melanoma. É também a principal causa de morte precoce entre as mulheres antes dos 70 anos. No Brasil, cerca de 40% dos casos ocorrem em mulheres com menos de 40 anos. Uma em cada 8 mulheres terá a doença ao longo da vida”, explicou.
Também reforçou a importância do autocuidado e da detecção precoce. “É essencial manter o cuidado contínuo. A mamografia deve ser realizada anualmente entre os 50 e 74 anos.” Lembrou ainda que, apesar de a genética ser um fator de risco, 85% dos casos acontecem em mulheres sem histórico familiar. “O diagnóstico precoce salva vidas”, completou.
Na sequência, Maria Inês Becker, representante da Associação Força Rosa, compartilhou a experiência da entidade no acolhimento de mulheres diagnosticadas com câncer. “Todas as mulheres que chegam até o instituto já têm o diagnóstico. E sabemos, a palavra ‘câncer’ ainda assusta muito, e o nosso primeiro papel é o acolhimento. Somos cerca de 20 voluntárias. A partir desse primeiro contato elas percebem que terão suporte”, contou.
“Temos psicólogas, psiquiatras, nutricionista, fisioterapeuta oncológica, além de atividades como coral e aula de dança. Tentamos mostrar que há vida após o câncer. Também buscamos recursos para que nenhuma mulher fique desamparada”, destacou. Por fim, Maria Inês lembrou o lema da campanha, e – em tom de brincadeira – encerrou “No dia 31 de outubro, não guarde as mamas na gaveta”, reforçando a importância da prevenção.
Representando a ONG Ilê Mulher, Iara da Rosa destacou a importância do acolhimento às mulheres em situação de violência e vulnerabilidade. “Temos um trabalho de 25 anos e somos a única casa de acolhimento de Porto Alegre que recebe mães com filhos. A violência doméstica faz com que muitas mulheres percam seu espaço, sua identidade. Muitas deixam o trabalho e passam a viver sob posse e controle”, afirmou.
“Hoje, os efeitos dessas violências sobre a saúde mental das mulheres são cada vez mais graves. Trabalhar com elas é um desafio: é preciso respeitar o direito à privacidade, mas também mostrar que dentro desses espaços há vida e futuro. A reconstrução é conjunta – e os homens também têm responsabilidade nesse processo”, ressaltou.
Encerrando a programação, a psicóloga Niágara Braga trouxe uma fala sobre valorização, protagonismo e defesa contra a violência, abordando como identificar e romper ciclos abusivos. “Vivemos uma epidemia de violência contra a mulher, que começa de forma sutil, com o assédio moral, a violência verbal, o controle. É o que chamamos de ‘violentômetro, que vemos essas violências crescendo...”, explicou. “O mito do amor romântico ainda aprisiona muitas mulheres nestas relações tóxicas e é muito difícil sair de uma relação violenta sem apoio psicológico. Precisamos resgatar o nosso eu interior e compreender como nos envolvemos nessas relações para poder sair delas”, finalizou.
O evento encerrou as ações do Outubro Rosa no CREA-RS, reforçando o compromisso da instituição com a promoção da saúde, o acolhimento e a valorização das mulheres no Sistema Confea/Crea.

