Mesa de abertura do evento . Créditos: Arquivo CREA-RS

sexta, 07 de novembro de 2014

O encontro, que faz parte da programação da Semana do Lixo Zero, aconteceu nesta última quarta-feira (5), no auditório da SEST-SENAT e reuniu profissionais e representantes de órgãos públicos e privados. As palestras abordaram normas, procedimentos, inovações e ações de sustentabilidade em torno do tema e foram mediadas pela jornalista Cristiane Amaral. Mas o ponto alto do evento foi quando Fabíola Pecce, representante do Instituto Lixo Zero, subiu ao palco e convidou os participantes para uma selfie coletiva com o cartaz “Lixo Zero POA” – tradicional ação do instituto para propagar a ideia. 

A representante da Fepam, a bióloga Cintia Lima, falou sobre a classificação dos resíduos sólidos da construção civil (RSCC) regidas pela Resolução Conama de 2007 e o modelo de licitação dos empreendimentos de reciclagem dos resíduos sólidos da construção civil (RSCC). Ela explicou que a Fepam só realiza licitações privadas, as públicas ficam a cargo dos municípios. De acordo com ela, desde 2011 até agora foram feitas 35 licitações e ainda há 36 em andamento. “Perdemos o controle deste número a partir da NBR 288, de 2011, que passou a responsabilidade para os municípios”, explicou. Ressaltou, no entanto, que a Fundação incentiva a criação de centros de triagem desses materiais. “A Fepam busca licenciar todas as atividades que implantam o correto destino dos RSCC”, garantiu. Para ela, a disposição inadequada dos resíduos é o grande problema. “As caçambas recebem de tudo. Se elas fossem restritas ao local que está acontecendo a obra e não tivesse o acesso da população geral, com certeza seria muito mais fácil fazer a triagem”, analisou.

A Engenheira Química Adriane Alves, da empresa Construvert, começou a sua apresentação falando da diferença entre lixo e resíduo sólido. “Parece uma bobagem, embora a gente defina lixo como resto, esquecemos que o resíduo também é matéria-prima”, disse. Segundo Adriane, a quantidade de locais irregulares para destino dos resíduos ainda é grande em Porto Alegre. “A nossa cidade carece de cuidados em relação a isso. Essa deposição irregular de resíduos gera um custo em torno de R$ 1,1 milhão por mês para a remoção dos focos de lixo”, explicou. No entanto, defendeu o fato de a Política Nacional de Resíduos Sólidos instituir a extinção dos lixões. Adriane também falou da importância do Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC), documento que passou a ser obrigatório no projeto das obras e deve ter assinatura de Engenheiro habilitado. 

Sebastian Pereira, diretor da Sebanella, uma empresa de Canoas que realiza a reciclagem de gesso, apresentou um modelo sustentável. Antes este material ia para os lixões, agora é reaproveitado na construção civil e na indústria de fertilizantes. “Aqui no Sul não existia nenhum local que reciclasse gesso, e esse é um material que vem sendo muito utilizado na construção civil”, explicou. Entre as opções de transporte do material, a empresa disponibiliza caçambas, caminhões e carretas, mas a grande novidade é a Big-Bag, uma sacola com capacidade para até 1 m³ de material destinado a pequenos geradores e os gesseiros. “Resolvemos criar a Big-Bag para atender um público que não tem condições de pagar por uma caçamba”, disse Sebastian. 

Para tratar de transporte de um modo mais amplo, Viviane Fernandes, diretora da Move Soluções em Transporte, apresentou as diversas possibilidades de reaproveitamento dos diferentes resíduos provenientes das obras. De acordo com Viviane, desde 2001, mais de 10 mil toneladas de resíduos foram reaproveitados, entre eles a cerâmica que é transformada em rachão muito utilizado na pavimentação. Porém, ela afirma que os profissionais ainda têm uma certa resistência em utilizar o material reciclado. “Ainda há um preconceito por parte dos Engenheiros, embora o nosso produto seja 40% mais barato, eles preferem adquirir o rachão direto da pedreira”, revelou. Ela também aponta que a captação do material de forma qualificada ainda é uma dificuldade. 

Também participaram do encontro o Engenheiro Rafael Arteiro, da RMA Ambiental, e o representante da Confortlux, Mateus Gerbat. Para dar encerramento às apresentações, o coordenador do curso de Engenharia Ambiental da Unilasalle, Saulo Chielle, mostrou como foi realizado o gerenciamento de resíduos durante a Copa do Mundo em Porto Alegre.