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3º Painel: Presidente do CREA-RS questiona investimentos aeroviários no RS


A partir da esq.: Eng. Melvis, jorn. Taline Oppitz (mediadora), min. Padilha, Lígia Vilagrán Barreto Alves e Rafael Veras de Freitas. Créditos: Arquivo CREA-RS

Encerrando o Fórum dos Grandes Debates - Infraestrutura e Logística da Assembleia Legislativa, na tarde desta quarta-feira (08), o último painel abordou a situação da malha aeroviária do País, debatendo as obras do Aeroporto Salgado Filho e os investimentos nos aeroportos regionais do Estado. Sob o tema “Concessão de aeroportos e aviação regional”, participaram o Ministro da Secretaria da Aviação Civil, Eliseu Padilha (PMDB), o presidente do CREA-RS, Eng. Melvis Barrios Junior, a diretora do Departamento Aeroportuário do Rio Grande do Sul, Lígia Vilagrán Barreto Alves, e o professor da Fundação Getúlio Vargas, Rafael Veras de Freitas. O evento, realizado durante todo o dia, discutiu ainda ferrovias e portos no estado.

Último a se manifestar, o presidente do Conselho, Eng. Melvis Barrios Junior, questionou alguns pontos do Programa de Investimentos em Logística (PIL) apresentado pelo ministro. Na palestra, Padilha mostrou os números e o andamento do programa de aviação regional, que vai investir R$ 7,3 bilhões na melhoria da infraestrutura de 270 aeroportos regionais. A região Sul comportaria um total de 43 aeroportos em operação nos próximos anos. Quinze no Paraná, 13 em Santa Catarina e 15 no Rio Grande do Sul. No RS, as cidades a terem aeroportos com capacidade de tráfego de aviões comerciais, dentro de padrões internacionais, são: Alegrete, Bagé, Caxias do Sul, Canela (já que estudos inviabilizaram Gramado), Erechim, Passo Fundo, Pelotas, Rio Grande, Santa Maria, Santa Cruz, Santa Rosa, Santa Vitória do Palmar, Santo Ângelo São Borja e Uruguaiana.

Eng. Melvis iniciou sua fala ressaltando se tratar de investimentos públicos - através de subsídios nas passagens, conforme proposta apresentada - em aeroportos de cidades muito próximas, como em Pelotas e Rio Grande ou Passo Fundo e Erechim. “Aeroportos muitos próximos não se viabilizam economicamente, pois um aeroporto tem um custo fixo, com segurança, manutenção, controladores de voo, e qualquer companhia aérea não vai decolar com um avião de Pelotas com 20 passageiros e um de Rio Grande com mais 20. Cidades que estão a 50/60 Km com dois aeroportos, um deles vai ser antieconômico e terá que ser subsidiado pela sociedade por muitos e muitos anos. Dinheiro que poderia ir para educação, saúde, estradas”, argumentou. 

Mesmo considerando o projeto muito bom, com elogios ao ministro José Padilha, o Eng. Melvis reforçou a necessidade de se fazer um “filtro técnico e de viabilidade econômica da proposta”. “Não podemos cometer erros de planejamento, pois são projetos que se derem errado, imprimem custos muito altos e difíceis de recuperar”, afirmou citando como exemplo a Usina de Uruguaiana. Hoje, o empreendimento corre o risco de ser desmontado. “Não podemos repetir esses erros”, alertou. 

Outro apontamento feito pelo Eng. Melvis foram as obras de ampliação do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. Para ele, os investimentos de quase R$ 1 bilhão em reformas não se justificam. As obras ampliariam em 920 os 2.280 metros da pista do aeroporto para permitir o pouso de grandes aviões cargueiros. “Estaremos cometendo dois erros”, afirmou, “o primeiro porque um grande aeroporto de importância econômica não pode ser monopista, então fazer um investimento dessa magnitude numa monopista não nos parece tecnicamente adequado”, sustentou. “O segundo, é que a pista velha vai deformar, vai adensar. Ela não tem capacidade de suportar aviões de 450 toneladas. Estamos falando isso agora, dez anos antes da pista ficar pronta, porque daqui a dez anos, quando interditarem o Salgado Filho vão afirmar que ninguém falou”, alertou o engenheiro afirmando da importância de ser realizada esta discussão. 

Citou também como agravantes, a remoção da Vila Nazaré, com quatro mil moradores à beira da pista atual, e as dificuldades técnicas de execução das obras de ampliação, que implicariam em 5 milhões de m³ de areia para aterro, 22 mil estacas, sendo todo o trabalho de execução realizado durante a noite e madrugada. Para ele, diante do cenário, seriam necessários pelo menos 10 anos para conclusão da ampliação. “O Salgado Filho tem capacidade plena de suportar os próximos dez anos, tem pista, tem pátio de estacionamento praticamente pronta, e a expansão do terminal de passageiros é uma obra simples. Então, ministro, não será melhor nós pegarmos esse 1 bilhão e começarmos a investir nesse novo aeroporto? Não para agora, mas para daqui a dez anos.”, indagou.  

Outro ponto crítico de acordo com o presidente seria a impossibilidade de expansão urbana da Capital. Melvis defende a possibilidade de uso dos terrenos do Aeroporto Salgado Filho, com 400 hectares, e da Base Aérea de Canoas, de 800 hectares, para expansão imobiliária de Porto Alegre. Afirma que, segundo especialistas, as áreas somadas teriam um valor de mercado em torno de 10 bilhões, podendo acomodar 200 mil pessoas em bairros planejados. “O Salgado Filho com a Base Aérea vale mais do que um aeroporto novo com acesso. Fazer um aeroporto novo, com duas pistas, que é como tem que ser um aeroporto que tenha importância econômica, vai custar, com acesso, 6 a 7 bilhões de reais”, ressaltou, dizendo serem questões importantes do ponto macroeconômico e do planejamento a longo prazo que devem ser pesadas no debate das obras do Salgado Filho.  

Contraponto

Respondendo ao presidente do Conselho, afirmou que a ideia de um novo aeroporto foi descartada “por uma junta econômica” do Governo Federal, visando aumentar o valor da outorga da licitação do Salgado Filho. No entanto, considera, pelas previsões de crescimento no setor aeroviário, que até 2024 o atual aeroporto esteja saturado. Disse que chegou a propor a área entre Pontão e Nova Santa Rita para construção do um aeroporto alternativo, o 20 de Setembro, com a possibilidade de comportar quatro pistas. Afirmou, ainda, que existe a possibilidade de ser incluída a necessidade de um segundo aeroporto em meio ao estudo que está sendo realizado, mas que hoje isto não está previsto na proposta de concessão. “Para mim seria a solução de que pelo menos por um ou dois séculos não teríamos problemas”. 

Também confirmou que o aeroporto Salgado Filho deve ser leiloado no primeiro semestre de 2016. “Refizemos os cálculos e chegamos a conclusão que está seria uma projeção mais segura”, explicou. O aeroporto da capital gaúcha está incluso no próximo lote de concessões de aeroportos à iniciativa privada, que inclui também os terminais de Florianópolis (SC), Salvador (BA) e Fortaleza (CE).

 

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