Head LATAM da Optibus e engenheiro especialista em transporte, Diego Buss de Oliveira falou sobre a transformação digital nos transportes. Créditos: Arquivo CREA-RS

quarta, 19 de novembro de 2025

Head LATAM da Optibus e engenheiro especialista em transporte, Diego Buss de Oliveira foi o último palestrante e falou como os modelos avançados automatizam o planejamento, reduzem custos e elevam a qualidade do transporte público. “Inteligência Artificial revoluciona o planejamento de transporte público”, apontou.

A transformação digital no setor de mobilidade foi o foco da palestra do engenheiro Diego Buss da Latam da Optibus, empresa global especializada em inteligência artificial aplicada ao transporte coletivo. Com ampla experiência – mais de 50 projetos desenvolvidos no Brasil e no exterior – o especialista apresentou uma análise clara de como tecnologias avançadas estão redefinindo o planejamento operacional e a gestão do transporte público.

Automação que reduz custos e eleva a qualidade
Segundo Buss, os modelos avançados de IA aplicados ao transporte já são capazes de automatizar processos complexos, como tabelas, dimensionamento de frota, alocação de motoristas e simulação de cenários operacionais. “Essa automação reduz erros, otimiza custos e permite que as empresas foquem na qualidade do serviço”, explica.

Ele destacou que, no Brasil, o setor enfrenta uma lacuna de mão de obra qualificada o que é um grande nicho para os profissionais. “Muitos sistemas foram planejados por profissionais sem formação adequada – situação que começa a mudar com a recente regulamentação que torna obrigatório ter um engenheiro como responsável técnico pelo cálculo tarifário.” Para Buss, essa profissionalização é essencial para melhorar a eficiência e a transparência dos sistemas de transporte.

O profissional da nova economia: de executor a estrategista
Um dos pontos altos da apresentação foi o paralelo entre o profissional tradicional e o profissional moderno da nova economia. Diego descreveu perfis como o especialista, o generalista, o picafumo (aquele que faz tudo manualmente, sem método) e o nexalista — o profissional capaz de fazer conexões entre áreas, dados, tecnologias e pessoas.

O “profissional antigo”, que acumulava horas em tarefas repetitivas, dá lugar ao profissional estratégico, que utiliza ferramentas inteligentes para tomar decisões de maior impacto. “Não basta trabalhar muito; é preciso trabalhar com método, análise e visão sistêmica”, reforçou.

Um setor em crise que precisa se reinventar
Buss também contextualizou o cenário crítico do transporte coletivo brasileiro. Em várias capitais, os sistemas enfrentam redução de demanda, crescente déficit financeiro e incapacidade de investir em renovação de frota e inovação.

Como exemplo, citou Porto Alegre, que antes da pandemia transportava cerca de 1 milhão de passageiros por dia. Hoje, o número gira em torno de 600 mil usuários, evidenciando o colapso operacional e econômico do modelo atual.

Nesse contexto, a Inteligência Artificial surge como uma ferramenta fundamental para reforçar a sustentabilidade dos sistemas, antecipar problemas, criar cenários de otimização e oferecer transparência para gestores públicos, operadores e usuários.
Um novo rumo para o transporte coletivo

Ao final, Diego Buss reforçou que a adoção da IA não substitui profissionais – pelo contrário, eleva o papel da engenharia e do planejamento, exige competências novas e fortalece a tomada de decisão. Em suas palavras, “o futuro do transporte passa por profissionais capazes de unir tecnologia, criatividade e estratégia”.

A palestra mostrou que a reinvenção do transporte coletivo depende tanto de ferramentas avançadas quanto da evolução dos profissionais que atuam nele. E que a inteligência artificial, quando bem aplicada, pode ser o ponto de virada para um setor que precisa urgentemente se transformar.