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Bogotá e Curitiba: exemplos de projetos de mobilidade eficientes


Arquiteto e Urbanista Fernando Lindner. Créditos: Arquivo CREA-RS

O Arquiteto e Urbanista Fernando Lindner trouxe a visão de três renomados arquitetos que trabalham mobilidade urbana em sua palestra no Seminário Internacional Cidades em Trânsito, que ocorreu entre os dias 27 e 28 de outubro na Assembleia Legislativa. Os cases apresentados por Lindner melhoram o trânsito nas cidades de Belo Horizonte, sob coordenação de Jaime Lerner, e Bogotá, por Enrique Peñalosa. O terceiro arquiteto apresentado foi o americano Jeff Speck, que defende os pedágios urbanos para redução do uso do automóvel. 

Iniciou com a consideração de que houve pouca evolução na área de mobilidade urbana desde o início de sua carreira, há mais de 30 anos, quando estagiou na Secretaria Municipal de Transporte. “O que falta é uma difusão de boas ideias. Os técnicos são incompetentes nisso”, afirmou. Para ele, uma mudança cultural é necessária. “O comportamento mais forte que tivemos desde que iniciei foi na questão do uso de cinto de segurança. E por meio de muita fiscalização”, exemplificou. 
Ponderou ser o trânsito feito pelas pessoas, e que não há a cultura de projetar as cidades em conjunto. Criticou também o fato de muitas prefeituras não terem sequer uma área específica para tratar de mobilidade. “As cidades não param de crescer, mas a qualidade de vida fica comprometida”, destacou. Para ele, quanto mais se aumenta a infraestrutura aos transporte individual, mais deficiente fica-se em relação a grande necessidade de deslocamentos. 

Saúde, educação e segurança sempre foram os temas centrais de foco do governo e da população, analisou Lindner, mas para ele a partir de 2013, com as diversas manifestações deflagradas pelo aumento das tarifas de ônibus, a mobilidade se juntou a esses temas. “A questão ficou crítica.” Em sua opinião, as paralisações assustaram os governantes. “O mundo está mudando e, àquela época, tiverem jovens que deram aula de como resolver os problemas de mobilidade. Esse tema passou a fazer parte da pauta diária da população”, analisou.

Jaime Lerner 
Dizendo ser Jaime Lerner para a mobilidade o equivalente à Oscar Niemeyer para arquitetura, Lindner apresentou as principais ações do arquiteto que levaram Curitiba, capital do Paraná, a ser exemplo de mobilidade no País. O principal, de acordo com Lindner, foi a mudança da visão da cidade centrada no automóvel. Como exemplo, citou uma famosa frase de Lener, que disse “ser o carro o cigarro do futuro”. Seu projeto foi baseado em três premissas principais, destacadas por Lindner. São elas, a redução de tributos; a revisão das gratuidades das passagens nos ônibus municipais, com diminuição do quesitos; e o investimento em maior qualidade e conforto do transporte público. Para Lindner assim se muda a mentalidade da população sobre a adoção do ônibus com principal modal de locomoção. “Em Paris, por exemplo, 48% da população não tem carro”, afirmou.
 

Enrique Peñalosa
Responsável pelas mudanças que fizeram de Bogotá a grande vitrine da América Latina na área de mobilidade urbana, o trabalho do Arq. Enrique Peñalosa foi apresentado por Lindner. Para ele, o grande destaque do projeto foi integrar os corredores de ônibus (BRTs) aos demais sistemas de transporte. “Ele mudou a lógica, hoje o carro e os demais modais de transporte são periféricos. Pensar no carro em primeiro lugar é uma burrice. Temos que pensar nas pessoas, o carro é uma consequência do sistema. Temos que diminuir o espaço do automóvel”, analisou. Para Lindner, quando mais se aumenta os espaços dos automóvel, mais a cidade se espalha e, consequentemente, mais incentiva-se o seu uso e menos incentivos vão ao transporte coletivo. “Essa é a raiz do problema.” Explicou que Bogotá através de modais mais eficientes para deslocamentos e redução do espaço para os automóveis, alcançou um menor custo energético e menor poluição para a cidade. Essa ação, conforme relatou, vai ao encontro de uma maior equidade no uso do espaço público. “Fomos criados pela cultura do automóvel, se não reduzirmos o espaço para seu uso, vamos continuar tendo o carro como prioritário. Precisamos mudar”, preconizou. 
 

Jeff Speck
Urbanista americano considerado revolucionário pelo palestrante, Jeff Speck defende a tese da inibição do transporte individual como forma de reduzir os congestionamentos e demais problemas de mobilidade nas áreas urbanas. Ledner citou a frase do urbanista em que este destaca a necessidade de que “se aproxime o custo de dirigir para o indivíduo do custo dos carros para a sociedade”, o que para Speck deve ser feito por meio da instituição de pedágios urbanos em zonas congestionadas. Para Lindner a ideia causa frio na barriga dos governantes brasileiro, “pois estes estariam tolhendo uma paixão nacional”, mas destacou que a ação foi aprovada pela população em todos os locais onde foi instituída. “Onde foi implantado as pessoas colhem os frutos, pois a locomoção se torna mais rápida.”
 

Conclusão 
Encerrou, lembrando que desde 1959, com início das políticas governamentais voltadas à indústria automobilística, as cidades brasileiras estão sendo “entupidas” de automóveis. “Não é esse o modelo correto. Copiamos essa cultura dos Estados Unidos e hoje os americanos já estão alterando essa mentalidade.” Defendeu que curtas distâncias deve ser percorridas preferencialmente a pé ou de bicicleta. “Cidade que precisa ser diariamente atravessada, não é uma cidade, é um problema”, sentenciou. 
  

 

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