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Bike: Transporte Alternativo


Arq. Antônio Vigna, Vereador Marcelo Sgarbossa, Psicóloga Fátima de Oliveira (coordenação) e Marcelo Kalil . Créditos: Arquivo CREA-RS

O painel “Bike: Transporte Alternativo” abordou a importância das alternativas de transporte, especificamente bicicletas. O primeiro palestrante foi o arquiteto Antônio Vigna, que acredita que as bicicletas são um novo jeito de viver a cidade com mais ambiência e qualidade. “Quando se fala em bike, se fala em uma cidade melhor”, afirmou. Vigna revelou que a  Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), onde atua como técnico de trânsito e transporte, está realizando trabalhos abordando o assunto bike há cinco anos. “Procuramos sempre ouvir a cidade na hora de elaborar os projetos”, disse. O arquiteto defende que as alternativas de transporte colaboram para uma cidade com menos poluição e mais segurança e saúde. “Cidade de qualidade é cidade que oferece alternativas de transporte”, argumentou. 

O palestrante considera que as alternativas de transporte estão colaborando com a reconquista do espaço público nas cidades e que a bike é um gancho para essa discussão. ”A bicicleta é um agente de mudança de paradigma”, disse Vigna.  Um ponto também destacado pelo arquiteto foi que a bicicleta é um agente de redescoberta da cidade. Segundo ele, “os relacionamentos durante o percurso mudam, pois são descobertos novos lugares da cidade”. De acordo com Vigna, o medo de acidentes é uma questão que atrapalha o incentivo ao modal.  Porém, ele defende que o senso de auto-proteção pode ser um aliado para os ciclistas. “Bicicletas normalmente não matam pessoas”, afirmou. Já a Lei Complementar 626, de 15 de julho de 2009, que institui o Plano Diretor Cicloviário Integrado (PDCI) e as ciclovias, segundo ele, são ferramentas que incentivam a população a utilizar a bicicleta. 

Debatendo o tema estavam presentes à mesa o vereador Marcelo Sgarbossa e Marcelo Kalil, representante da Associação pela Mobilidade em Bicicleta (Mobicidade). Ambos cicloativistas cobraram maior incentivo da Prefeitura de Porto Alegre ao desenvolvimento do modal. Kalil lembrou que o diálogo com a EPTC ocorre há cinco anos sem retorno e citou diversos problemas das ciclovias construídas. “Que diálogo é esse onde a população apresenta soluções e não se tem resposta?”, indagou. Entre suas críticas está a velocidade máxima permitida nas vias da cidade. Para Kalil, 60 Km é um índice alto para uma área urbana, causando dificuldade tanto aos ciclistas quanto aos pedestres e não melhorando o fluxo dos veículos. “Reduzir a velocidade melhora o trânsito e a segurança”, defendeu. 

Sgarbossa também levantou críticas à atuação da Prefeitura. Como Kalil, afirmou que algumas opções utilizadas na construções das ciclovias, como a obrigatoriedade de mudança de lado da via ou desvio sobre as calçadas, que, com o argumento da segurança, quebram requisitos básicos de fluidez de quem opta pela bicicleta como modo de locomoção. “Cobramos o que está na Lei, que é a prioridade do menor em relação ao maior. A bicicleta tem que ter, no mínimo, a mesma mobilidade que os demais veículos”, argumentou. Para ele certas decisões técnicas são “ilegais”. Sgarbossa defende uma mudança cultural que “ajuste o que está injusto”. “O índice da população que utiliza o automóvel está em cerca de 30%, porém o espaço dedicado a esse modal é muito maior”, destacou, criticando, ainda, que os investimentos da Prefeitura priorizam os modal, citando os alargamentos de vias e a construções de viadutos realizadas pela gestão. 

Contraponto 
Antônio Vigna defendeu o avanço que a administração atual realizou para as bicicletas, porém destacou que o gestor não pode dar ênfase em apenas um modal. “Os investimentos em ciclovias muitas vezes são questionados, precisamos também de mais espaço para os pedestres e ele têm a força de ser um fenômeno nas redes sociais como são os ciclistas”, destacou. Para ele, outro problema é o incentivo do Governo Federal ao uso do automóvel, através da redução de impostos para a compra de carros zero. “Com a política federal jogando carros na cidade não há como gerir a mobilidade.”

Sgarbossa lembrou, no entanto, que quando se beneficia a bicicleta se beneficia também o pedestre. “Reduzir a velocidade dos carros, por exemplo, é uma política de baixo custo e que não mexe no espaço das calçadas.” Também foi lembrado pelos dois cicliativistas que os investimentos da prefeitura começaram devido à obrigatoriedade imposta pela aprovação do Plano Diretor Cicloviário Integrado, em 2009. Criticaram, ainda, que as ciclovias existentes estão muito aquém do previsto pelo Plano. Como exemplo, citaram que no último ano foram realizados apenas 5 Km de vias especiais para ciclistas. “O município pode optar pelo automóvel em detrimento das bicicletas, mas isso é ilegal”, argumentou o vereador, lembrando que Porto Alegre não figura nem entre as dez primeiras cidades brasileiras com mais ciclovias. 

 

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