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Encontro com coordenadores de cursos de Engenharia
Presidente do CREA-RS, Eng. Melvis Barrios Junior, esteve presente à abertura . Créditos: Arquivo CREA-RS
Coordenadores dos cursos de Engenharia Civil de todo o Estado estiveram presentes, na tarde desta terça-feira (03), no primeiro encontro realizado, neste ano, pelo CREA-RS para debater o presente e o futuro do ensino de Engenharia Civil.
A mesa de abertura do encontro contou com a presença do presidente do CREA-RS, Eng. Civil Melvis Barrios Junior, o diretor geral da Mútua Caixa de Assistência de Profissionais, Eng. Civil Gilmar Amaral Piovezan, e o Eng. Civil João Luis de Oliveira Collares, coordenador da Câmara Especializada de Engenharia Civil.
O Eng. Gilmar, ao abrir o evento, agradeceu a presença de todos e a oportunidade de estar presente em um evento como este, além de explicar um pouco sobre a função da Mútua, que é um “braço assistencial aos profissionais registrados no Conselho”.
Já o presidente do CREA-RS, reafirmou a importância de debater e analisar a situação da Engenharia no país. “É importante conversarmos sobre o ensino da engenharia, pois considero que o momento atual é de alto risco. Acabamos criando tantas especialidades, com tantas especifidades, que os Engenheiros acabam não sabendo em qual área atuar. Em decorrência disso, o MEC está estudando o retorno ao modelo antigo, onde tínhamos um número reduzido de engenharias”, apontou.
Melvis também abordou a necessidade do investimento na área tecnológica e de pesquisa no Brasil. “Atualmente, formamos em média 50 mil Engenheiros por ano, enquanto países como Estados Unidos e China formam cerca de 200 mil profissionais. Aumentar esse número só será possível quando a maior parte dos Engenheiros brasileiros for incentivada a trabalhar em áreas de pesquisa. Hoje, somente 5% dos Engenheiros trabalham neste setor no Brasil, contra uma média de 25% nos EUA e no Japão”, explicou.
O primeiro painel “Interface entre CREA-RS e instituições de ensino” foi apresentado pelo novo coordenador do Núcleo de Apoio a Instituições de Ensino, Eng. Ftal João Ângelo Lermen. Entre as metas do Conselho estão a busca pela implantação de ações que oportunizem uma maior aproximação, possibilitando uma atuação mais ativa Conselho no formação acadêmica dos novos engenheiros. São dois momentos importantes, no início da vida acadêmica, onde se faz apresentação do Conselho na vida profissional, e ao final com a orientação do registro profissional e da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). Também enfatizou a necessidade de agilizar o processo de registro dos novos cursos de Engenharia junto ao Conselho, antes da conclusão dos cursos.
O segundo painel foi comandado pelo Eng. Civil João Luis de Oliveira Collares, onde apresentou a Carta de Maceió, que foi realizada durante o Encontro Nacional de Engenharia Civil, em 2014. A Carta abordou vários itens como o posicionamento expressamente contrário ao ensino a distância de Engenharia Civil e à PL 2245/2007, que regulamenta o exercício da profissão de tecnólogo. Outro item citado na Carta foi referente à necessidade do Confea articular com o Ministério da Educação, para que os cursos, quando solicitado o seu registro no MEC, passem pelos Conselhos antes da homologação, e assim os Conselhos possam participar de maneira mais ativa da validação de novos cursos.
Eng. Collares também levantou críticas ao atual currículo de Engenharia Civil, que determina, no mínimo 3.600 horas, o que é considerado muito baixo para o número de conteúdos que deveriam ser ensinados e em comparação a outros cursos, como medicina e direito.
O debate entre os professores e o palestrante foi extremamente enriquecedor, pois trouxe à tona alguns importantes temas que estão ligados a sala de aula e a vida acadêmica, como a questão dos estágios. Nesse assunto, houve divergências entre os coordenadores presentes, pois alguns acreditam que deveria ser feito apenas após a metade do curso, já outros defendem o estágio como ganho de experiências profissionais. A coordenadora da Univates, Eng. Civil Emanuele Amanda Gauer, falou sobre a importância da participação do Conselho junto aos estudantes para tratar sobre a atuação profissional durante a faculdade.
A necessidade da criação de um grupo para discutir as diretrizes curriculares específicas e únicas para a Engenharia Civil, já que atualmente as diretrizes curriculares são feitas para todas as Engenharias, foi um dos tópicos apresentados na Carta de Maceió e que os professores demonstraram a importância da realização. A última atualização das diretrizes foi em 2002.
Os professores demonstraram apreensão para colocar em prática a PL 2177, que dentre seus itens determina a curricularização da extensão, exigindo a necessidade da inserção da extensão na grade curricular de todos os cursos de graduação da instituição até 2020, na medida de 10 a 15% da carga horária normal.
O Eng. Collares finalizou com a abordagem do tema sobre Ensino a Distância na Engenharia Civil, manifestando o posicionamento contrário do Conselho à essa modalidade de ensino, sendo essa contrariedade manifestada pela maioria os coordenadores de cursos presentes. Na ocasião, exemplificaram a dificuldade da realização de atividades como trabalhos em equipe, atividades em laboratório e troca de experiências que não são possíveis ou são prejudicados pelo ensino a distância, ressaltando ainda que matérias como matemática e física são difíceis de ministrar a distância.
Ao final do encontro, os coordenadores parabenizaram a iniciativa do CREA-RS na realização do encontro e solicitaram que torne-se um evento semestral, para dar continuidade às discussões acerca do ensino da Engenharia e diminuir a distância entre Conselho e Instituições de Ensino, visando facilitar as demandas que envolvam os dois.
