Notícia

Palestra de abertura do Seminário do STICC aborda crise e Lava Jato


A partir da esq.: presidente Melvis e vice-presidente do Senge-RS, Eng. José Luiz Azambuja. Créditos: Arquivo CREA-RS

Reflexos da crise na conjuntura brasileira e Operação Lava Jato foram debatidos na primeira palestra do 6º Seminário de Valorização do Trabalho e Vida, que ocorre durante toda esta terça-feira (25), na AMRIGS, em Porto Alegre/RS. Promovido pelo Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Porto Alegre (STICC), o evento tem como tema “Trabalho na Construção Civil Pós-Operação Lava Jato” e reúne diversas organizações e trabalhadores da área da Construção. 
Ministrada pelo vice-presidente do Senge-RS, Eng. José Luiz Azambuja, com participação do presidente do CREA-RS, Eng. Civ. Melvis Barrios Junior, como debatedor, a palestra abordou os reflexos das investigações e denúncias de corrupção na conjuntura econômica e social do País, principalmente na área tecnológica. 
Segundo Azambuja, o Brasil precisa urgentemente de estadistas que resgatem o verdadeiro sentido da política de defender os interesses do povo. “Hoje existem muitas crises em nosso País, como a crise moral e ética, caraterizada pela corrupção generalizada e descrença nos partidos políticos; a crise política, desencadeada pela Operação Lava-Jato, e agravada pelo impeachment da presidente Dilma e a crise econômica, que é a que mais afeta os brasileiros e já ultrapassa o número de 13 milhões de desempregados”, explicou.
Ele também lembrou que a corrupção não está somente nos grandes desvios por parte de políticos e empresa, mas também está presente nos pequenos gestos que os brasileiros praticam, como “gato de energia elétrica”, entre outros. “Não podemos culpar apenas a Lava Jato pelos problemas que o Brasil enfrenta hoje", afirmou. 
O vice-presidente do Senge-RS destacou a Operação Lava Jato como sendo um marco contra a impunidade e se disse esperançoso para os próximos anos. “Até agora foram 179 pessoas acusadas e mais de 90 condenadas, entre eles, grandes empresários, políticos de destaque, marqueteiros de campanha e outros. Além disso, mais de R$ 3 bilhões foram recuperados para os cofres públicos, demonstrando a seriedade da operação”, finalizou.


Público lotou a abertura do eventoO presidente do CREA-RS iniciou sua fala lembrando que não é verdade que o Brasil é um país sem recursos, visto que ele está entre as 10 primeiras economias do mundo. “Nosso País precisa de gestores eficientes para realizar os investimentos necessários para que possamos retomar o crescimento e gerar novos empregos. Também precisamos lembrar que outras manobras políticas estão sendo praticadas em paralelo à Operação Lava Jato e não estão sendo lembradas, como o perdão da dívida do Banco Itaú, que chega a R$ 25 milhões. Por isso, há uma necessidade urgente de reforma em toda a estrutura que governa o Brasil, nos impostos cobrados, nos investimentos feitos, entre outros”, ressaltou. 
Melvis ressaltou que hoje há mais de 600 mil desempregados só na área da construção civil.

Segundo o Sindicato Nacional da Industria da Construção pesada – Infraestrutura, foram 811,4 mil empregos formais extintos entre janeiro de 2015 a janeiro de 2017, sendo 50 mil Engenheiros. 

Parte da tarde

As Relações de Trabalho e a Operação Lava-Jato pautaram a segunda parte do Seminário de Valorização do Trabalho e Vida, que ocorreu em Porto Alegre, promovido pelo Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Porto Alegre (STICC), que contou com o presidente do CREA-RS, Eng. Melvis Barrios Jr., na abertura do evento.  
No painel “A Lava-Jato nas Relações de Trabalho”, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Porto Alegre (STICC), Gelson Santana, destacou a importância do movimento sindical no Brasil.  “Sem os sindicatos dos trabalhadores e o seu trabalho para defender os direitos e garantir que se cumpra a lei, esse País viraria um caos”, completou.  
Como palestrante do painel, o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho (MPT-RS), Rogério Uzun Fleischmann, fez um resgate histórico para entender o que está acontecendo atualmente nas investigações da Lava-Jato, ressaltando “que corrupção no Brasil não começou nos anos 2000”. 
Explicou ainda que em toda a história do Brasil, o procurador-geral da República foi um cargo nomeado pelo presidente. “Quando o ex-presidente Lula assumiu o cargo, em 2003, ele mudou o método de escolha do procurador, adotando a uma lista tríplice, organizada pela Associação Nacional de Procuradores da República (ANPR)”, pontua.
Dessa forma, segundo ele, o procurador da República conseguiria fazer o seu trabalho sem intervenção governamental. “Vivemos uma nova realidade”, complementou.
O procurador Rogério também explicou que o modo operante que o juiz Sergio Moro está conduzindo a operação Lava Jato é baseado no modo como foi realizada a Operação Mãos Limpas, realizada na Itália em 1992. “O roteiro da Lava Jato segue alguns conceitos que estão presentes em artigo escrito pelo juiz em 2004 como o uso da delação premiada, a participação efetiva da imprensa e o uso da prisão como forma de causar constrangimento. Esta é uma situação nova de combate à corrupção, e que a população brasileira não estava acostumada a ver,” destacou.
O segundo painel, “Como os Sindicatos dos outros Países Afetados pela Corrupção Estão Tratando a Lava-Jato”, contou com a participação do Representante Regional da ICM para América Latina e Caribe, Nilton Freitas.
Para Freitas, houve grande impacto da Operação Lava-Jato na América Latina e no Caribe, principalmente nas relações dos trabalhadores da construção civil, que foram diretamente afetados pelos escândalos de corrupção promovidos pelas empresas de Engenharia como a Odebrecht.
 “Vivemos em um cenário de crise econômica e política profunda no Brasil, mas não somente aqui como em praticamente todos os países da America do Sul, desde 2015. E esses escândalos geraram desemprego, principalmente nos países da América Central e Caribe ”, detectou. 
Nilton conta que, a partir do momento em que os partidos progressistas de esquerda começaram a assumir os cargos de Presidência, iniciou-se um período de integração entre os países latinos, visando reforçar o poder do continente e estreitar os laços com os países vizinhos. “Historicamente, o Brasil sempre esteve de costas para a América Latina, com os olhos sempre voltados para a Europa e os Estados Unidos como o modelo ideal de sociedade”, explica. 
“Essa aproximação entre os países latinos resultou em obras que concretizassem essa integração, como a Transoceânica, que liga o Peru. Quem trabalha com infraestrutura sabe do nosso gigantesco atraso em relação a outros continentes em relação a aeroportos, portos, rodovias, internet, entre outros. Então, o processo de integração regional tinha o objetivo de diminuir este atraso.” 
Nilson frisou a necessidade de proteger a Engenharia nacional, defendendo as empresas de Engenharia do Brasil, que estão presentes em outros países também, como um dos meios para sair da crise econômica. “Independentemente de quem dirige estas empresas de Engenharia brasileiras, precisamos defender essas instituições, porque são empregos gerados no Brasil e empregos gerados no país onde a empresa está presente. Além disso, essas empresas acabam remetendo lucros para o país de origem”, finaliza.

 

 

Outras Notícias

COLUNA SEMANAL

A Coluna Semanal é o newsletter encaminhado todas as sextas-feiras aos profissionais, empresários, estudantes e interessados nos temas da área tecnológica. Colunas Anteriores

FIQUE POR DENTRO DE TODAS AS NOVIDADES AGORA MESMO: