Estudo, com 47 páginas, detalha estado atual das estruturas construídas no canteiro de obras, paralisado há quatro anos . Créditos: Arquivo CREA-RS

segunda, 25 de setembro de 2017

Após um rigoroso trabalho de uma equipe de cinco profissionais reunidos pelo CREA-RS, foi entregue, na última terça-feira (19/09), o Relatório Técnico da Barragem Arvorezinha em Bagé. O documento aponta o levantamento realizado pela equipe do Conselho sobre a condição das estruturas já construídas no local, que teve suas obras interrompidas e suspensas no ano de 2013. O estudo foi iniciado em janeiro, a partir de assinatura de um Termo de Cooperação Técnica entre o Conselho e a Prefeitura de Bagé. A conclusão da obra, que deverá abastecer 100% do município, é uma demanda da população da região que tem um histórico de estiagens e falta de água para abastecimento. 

A entrega foi realizada ao prefeito Divaldo Lara pelo diretor financeiro do CREA-RS, Geólogo Antônio Pedro Viero, um dos profissionais envolvidos na análise, e ocorreu na sede do Departamento de Água, Arroios e Esgoto de Bagé (Daeb), numa coletiva de imprensa, acompanhada por vereadores e secretários municipais. De acordo com o Viero, a principal conclusão do estudo é de que a obra pode reiniciar a partir do que já está concluído, pois não foram encontrados pelos profissionais problemas estruturais nas construções existentes. “A primeira situação que nós detectamos é que o projeto e as obras estão adequados. As estruturas até agora estão em perfeitas condições”, afirmou. 

Visitas ao canteiro de obras, análise documental, oitivas com representantes das empresas que elaboraram e executaram o projeto, estudo realizado pela Fundação de Ciência e Tecnologia (Cientec), além de consulta ao corpo técnico do Daeb embasaram o Relatório, considerados os dados em análises para cada área de conhecimento envolvida na construção: Geologia, Geotécnica, Mecânica de Solos, Hidráulica, Hidrologia, Construção Civil, além de avaliação de impacto ambiental. 

Conforme Viero, essas ações conjuntas conferiram qualidade ao parecer final. "Ficamos seguros da conclusão final que entregamos agora à Prefeitura e desejamos que contribua para que seja dada continuidade às obras da barragem para que a cidade de Bagé não passe por mais problemas de abastecimento”, destacou o Geólogo. Chamou atenção, no entanto, para o que considera o principal problema da obra. “O grande prejuízo são esses quatro anos de paralisação e o benefício que deixou de ser prestado à população de Bagé neste período, e que implicará em um aumento no custo para a retomada da construção.” 

Além do diretor, completam o grupo de técnicos que trabalharam nas análises de Arvorezinha os Engenheiros Civis Antonio Ricardo Froner de Souza, professor e projetista de infraestrutura, e Carlos André Bulhões Mendes, professor e conselheiro do CREA-RS; e o Geólogo Thiago Peixoto de Araújo, professor e membro titular da Comissão Multimodal da Inspetoria do CREA-RS em Guaíba. Os dois últimos profissionais citados, presentes à entrega em Bagé. Também participou o gerente Institucional de Gabinete, Eng. Miguel Henrique Vieira.

Prefeitura 

Destacando a qualidade dos técnicos e a representatividade e respeitabilidade do CREA-RS, o prefeito Divaldo Lara congratulou a posição do Conselho que “prontamente atendeu ao pedido de ajuda dos bajeenses”. Ressaltou, ainda, a importância do trabalho em conjunto das instituições públicas. “Com ações articuladas as coisas caminham, por isso agradecemos muito ao Conselho que fez este trabalho no voluntariado com o que tinha de melhor, sem custo algum para o município de Bagé”, afirmou. 

Explicou que, com a produção e entrega do relatório sobre o que já foi executado no canteiro de obras da barragem, foi vencida a primeira etapa para retomada dos trabalhos. “Partimos agora para a segunda etapa: a atualização do projeto executivo, com as devidas mensuras, e a revisão do Plano Básico Ambiental, a iniciar esta semana. ” Avaliou serem necessários de 19 a 24 meses para a etapa final -  a conclusão da obra propriamente dita - a iniciar até o fim do segundo semestre de 2018. 

Revelou, ainda, que a Barragem de Arvorezinha figura entre as obras de maior desperdício público do País. “Que possamos combater isso. Não fiz campanha em cima da barragem, mas serei eu a entregar essa obra tão importante ao povo bajeense. Vencemos hoje uma etapa importante e necessária", concluiu.

O diretor do Departamento de Água, Arroios e Esgoto de Bagé (Daeb), Volmir Silveira, garantiu que antes do final deste mês será publicado edital para selecionar empresa para elaboração do termo de referência para a contratação de empresa para revisão do projeto executivo. A seguir, de acordo com ele, será lançado edital para contratação da empresa que irá realizar a revisão do Plano Básico Ambiental.

Inspetoria do CREA-RS em Bagé 

Os representantes do Conselho em Bagé também participaram da entrega do Relatório e destacaram a importância da obra para a comunidade. “Este trabalho é um primeiro passo essencial para a retomada desta obra tão importante para a comunidade bajeense. Apoiado em critérios rigorosamente técnicos, o Crea pode avalizar que o que já foi realizado não será descartado”, afirmaram os inspetores chefe e secretário, Eng. Civ. Antonio Luiz Arla da Silva e Eng. Agr. Fernando Pereira de Menezes. 

Eng. Antônio ressaltou, ainda, a cada vez maior inserção do CREA-RS nas questões políticas e sociais das cidades gaúchas. “É cada vez mais necessário ter o CREA-RS como referência em questões de cunho técnico e que os representantes do Conselho tenham uma participação ativa juntos às demandas municipais”, afirmou o inspetor-chefe. 

Coordenador-adjunto da Câmara Especializada da Engenharia Civil do Conselho (CEEC) e presidente do Núcleo dos Engenheiros e Arquitetos de Bagé (Neab), o Eng. Civ e de Seg. do Trab. Márcio Marun Gomes, afirmou ser o relatório “um marco para a cidade”. “Estamos muito felizes em, através da Diretoria do Conselho, abraçar essa causa da nossa população. O Crea está sendo um importante agente desse sonho, contribuindo com mais uma etapa para que a obra seja licitada.” 

Histórico da obra 
As obras da barragem da Arvorezinha tiveram início em 29 de março de 2011, com previsão inicial de conclusão era abril de 2013. Em 11 de junho de 2013, com o prazo de entrega já excedido, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) determinou o embargo da obra devido a irregularidades vinculadas às partes envolvidas na execução do projeto. Ainda indiciou 18 suspeitos, conforme investigação apresentada pela Polícia Federal, na operação Paralelo 31-S. O canteiro de obras permaneceu embargado até 3 de março de 2016, quando foi liberado pelo TRF4.