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Confea na Rio+20: GT tem participação ativa


Nem todos puderam ser reunidos, interrompendo suas participações nos debates, mas alguns dos conselheiros e outros representantes do Sistema Confea/Crea presentes à Rio+20 apresentaram suas leituras sobre a importância do papel das entidades na conferência e sobre o evento. Depois de três reuniões, o Grupo de Trabalho, formado em março, tratou de dividir suas atenções de acordo com as áreas de interesse do Sistema e acompanhou de perto as atividades nos simpósios dispersos por diversos espaços da cidade, principalmente no Rio Centro, palco principal da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, que termina hoje (22/6), no Rio de Janeiro.
O coordenador Nacional da Câmara de Agronomia do Confea (CCAGRO), Juarez Morbini Lopes, diz que o Confea organizou o GT Rio para verificar in loco o que está acontecendo no mundo inteiro em termos de desenvolvimento sustentável, abrangendo temas como ecologia, tecnologia, catástrofes e outros. “O objetivo é uma troca de ideias com o mundo inteiro. Participamos de poucos painéis, porque eles são mais sobre políticas governamentais. Mas foi uma troca de experiências muito boa com os expositores”, diz, informando que o passo seguinte será fazer um relatório com todos os pontos para repassar para os Creas e coordenadores de cada área a fim de que eles repassem nos estados.
“Estamos em um diálogo para traçarmos um projeto viável a todo o sistema Confea/Crea, os profissionais e as entidades de classe. Estou vendo com grande entusiasmo o envolvimento da juventude, dos profissionais, enfim, da sociedade, para que a gente possa contribuir neste momento em que o mundo todo está voltado para a sustentabilidade. A ideia é a gente sair daqui, apresentar o relatório final na plenária do Confea e dar continuidade ao trabalho neste grupo”, ressalta o técnico industrial e conselheiro federal por Alagoas, membro da Comissão de Articulação Institucional do Sistema (CAIS), José Cícero Rocha da Silva.
Projetos sustentáveis.

Especialista em Cidades Sustentáveis, representante do Confea na conferência como assessor de delegado negociador e ex-conselheiro federal, o engenheiro eletricista Francisco Soares ressalta a mobilização da sociedade em direção às cidades sustentáveis. “Acho que este é o grande objetivo. E você vê pela quantidade de pessoas e de países, membros e não membros, que este é um grande evento”. Ele enfatiza que é impossível falar de sustentabilidade sem considerar temas como o desperdício de energia, água e alimentos.
Na sua visão, a engenharia nacional está comprometida com a “reviravolta” suscitada pela mudança de atitude demonstrada pela mobilização dos diversos segmentos reunidos na conferência. “Independente de não ter conseguido estabelecer um fundo para o desenvolvimento sustentável e não ter definido metas e prazos, como a maioria queria, eu acho que só esta mobilização vai proporcionar uma mudança de atitude. A engenharia nacional está comprometida com esta reviravolta. Porque as soluções vão sair da engenharia. A vontade política é importante, mas as soluções vão vir da engenharia, disso eu não tenho a menor dúvida. O Brasil aprende com o resto do mundo, bem como o resto do mundo aprende com o Brasil”, diz, citando projetos pioneiros, como os de maremotriz, de trens que deslizam sobre colchões magnéticos e de um ônibus híbridos, com combustíveis e motor elétrico como novas referências para a engenharia brasileira. “Nossa função é socializar estas informações sobre sustentabilidade e continuar discutindo o tema em outros fóruns para avançar rumo a um mundo com cidades e atitudes sustentáveis”.

Clima e demografia
Meteorologista, presidente da Sociedade Brasileira de Meteorologia (Sbmet), representante do Colégio de Entidades Nacionais do Sistema Confea/Crea no GT Rio+20, José Carlos Figueiredo acompanhou de perto as discussões sobre mudanças climáticas, mas se decepcionou. Primeiro porque não viu qualquer definição sobre o que seria “sustentabilidade”. Depois, considerou que a questão climática, em si, foi tratada sem maiores novidades. “O que se falou é o que já tem se divulgado sobre aquecimento global. Mas não se tratou de um componente que é a demografia. Oitenta e um por cento da população brasileira vivem em áreas urbanas. Até 2050, se prevê que seremos mais de 90%. E o detalhe é que a população será maior principalmente em virtude da diminuição da mortalidade infantil e do envelhecimento da população”, descreveu.
Figueiredo pondera que algumas das ideias apresentadas neste tipo de fórum, apesar de seu caráter pretensamente inovador, são na verdade inviáveis economicamente. “Precisamos desenvolver tecnologia para baratear ideias hoje ainda muito caras, como as da energia solar e eólica, por exemplo”, diz, lamentando a falta de um estande do Confea no evento.

Engenharia e sustentabilidade
Um dos mais ativos participantes da Conferência ligados ao Sistema Confea/Crea foi o conselheiro federal suplente e coordenador do GT Rio +20, Ibá dos Santos. O engenheiro agrônomo considera que o evento foi “extremamente construtivo”, debatendo novos modelos de construção da sociedade. “Daí a importância de a engenharia estar inserida nisso”. Para ele, disseminar a noção de desenvolvimento sustentável deve ser um processo contínuo, como é a própria noção de sustentabilidade. “É um processo que vem de antes e que estamos construindo para o futuro”. Ele conta que o GT procurará sintetizar as principais experiências dos representantes. “Se é que isso é possível, porque vimos muita coisa. Vimos que existe ansiedade por parte da população para mensurar os impactos ambientais, e isso foi enfaticamente falado nos diálogos sobre as cidades”.
Ibá ressalta que não acompanhou qualquer discussão que não tivesse alguma relação com o Sistema. “Pode ser que tenha, mas não vi nenhuma discussão que não passasse pela engenharia. Por trás daquela criação de peixe, por trás daquela construção sustentável, sempre tem e é possível até que se inove a partir da engenharia. Na questão do clima, por exemplo, logicamente passa a meteorologia. Na floresta, está a engenharia florestal; na agricultura, tem engenharia agronômica”. Mais além, Ibá vai ao comentar alguns dos momentos que acompanhou na Rio+20. “Os índios brasileiros falaram que não sabiam que eram pobres. Agora, eles não sabem que são ricos. Porque eles têm a técnica de como produzir alimentos, de como explorar sem devastar, eles têm muito a nos ensinar. Mas nós, da área da engenharia, temos o conhecimento. Então, nós podemos fazer desenvolver e, como a presidenta Dilma falou, ajudar a inserir todos em uma classe média mais sustentável”.

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