Notícia

Vice-presidente da Abea fala sobre os desafios da Engenharia de Alimentos


Créditos: Arquivo Confea

16 de outubro, dia de parabenizar os Engenheiros de Alimentos. Profissionais multidisciplinares, os Engenheiros de Alimentos atuam na racionalização e melhoria de processos e fluxos produtivos para incremento da qualidade e produtividade, e para redução dos custos industriais.

Também são responsáveis por determinar os padrões de qualidade para os processos, desde a matéria-prima até o transporte do produto final, planejamento e implantação de estruturas para análise e monitoramento destes processos, e treinamento de pessoal para prática da qualidade como rotina operacional.

Quem conta um pouco sobre as atividades destes profissionais é o Eng. Alim. Gumercindo Ferreira da Silva, vice-presidente da Associação Brasileira dos Engenheiros de Alimentos (Abea). “O Engenheiro sai da faculdade apto para atuar em qualquer processamento desde a recepção da matéria-prima até a chegada ao consumidor final, atendendo a toda a cadeia”, explica Gumercindo.

O campo de trabalho de um Engenheiro de Alimentos é vasto, afirma o vice-presidente da Associação: “Pode-se atuar em órgãos governamentais (federal, estadual ou municipal) na parte de fiscalização; na vigilância sanitária; juntamente às prefeituras, para lidar com a cadeia de merenda escolar e logística; na área industrial, com qualquer processadora de alimentos – que vai do mínimo até o extremamente processado. Também é possível fazer consultoria para as indústrias e cuidar da parte de food service”, detalha.

Salienta ainda que os Engenheiros de Alimentos são profissionais importantes para a sociedade, "porque estão sempre atentos à saúde". "Tudo o que ele faz e utiliza no processamento ou na manipulação do alimento é para garantir o bem-estar do consumidor”, declara.

Outro fator determinante para eles é a acessibilidade ao produto. Segundo Gumercindo, quando um profissional da área pensa num processamento, entende que o alimento deve ser acessível a todas as camadas da população e, assim, obter melhor resultado do trabalho deles.

Sobre os desafios da categoria, Gumercindo revela que é justamente o ajuste à Engenharia 4.0, que revolucionará a industrialização de alimentos. “A gente sabe que o especialista de linha de produção tende a sumir com o advento da automação. Que, quanto mais rápido for, maior é a mudança. Além disso, outra dificuldade é o convencimento dos órgãos governamentais sobre a importância de fiscalização de produtos de origem animal, bem como da responsabilidade técnica destas indústrias”, conta ele.

"A indústria de produto de origem animal, seja ela um(a) simples desossa ou um processamento de subprodutos, como embutidos, salamerias, os salames e coisas assim, é bastante complexa, pois envolve muitos conceitos de Engenharia. Atualmente, temos uma decisão do Ministério da Agricultura que impede o Engenheiro de Alimentos de ser responsável pela fiscalização de produtos de origem animal, ou seja, o fiscal federal agropecuário", lamenta.

Segundo ele, recentemente, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que o responsável técnico, que é o Engenheiro de Alimentos, não pode ser responsável técnico por uma indústria de produtos carnes, incluindo processamento de carnes e derivados. "Então, a gente tem aí desossa, embalagem, produção de embutidos, salsichas, mortadela, salames, presunto, apresuntada, tudo isso e também de lácteos, leite e derivados", aponta.

Para criticar esta decisão, cita como exemplo o processamento do leite. "Uma vez que o leite chegou à recepção, ocorre apenas um teste de plataforma. Mas é preciso identificar a qualidade e a acidez do leite. Depois do processamento do leite, que significa filtragem, é necessário padronizar o leite e processá-lo. Tudo isto considera os conceitos de Engenharia", ressalta, questionando, diante disto, a decisão do Superior Tribunal de Justiça que não reconhece o Engenheiro de Alimentos como responsável técnico por um laticínio, pela fabricação de queijo.

"São atividades que envolvem conceitos de Engenharia de Alimentos, desde a ciência dos alimentos e, principalmente, a tecnologia, pois o leite precisa ser centrifugado, pasteurizado, reesterilizado, embalado à vácuo ou embalado no saquinho, mantido em refrigeração. Conhecimentos de Engenharia de Alimentos que foram desconsiderados na análise do Superior Tribunal de Justiça", destaca.

Lamenta o fato de não ter havido uma consulta ao Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), antes da decisão. "Enfrentar decisões assim são um de nossos grandes desafios. Além disso, os profissionais devem estar sendo atualizados para atender às adequações das novas demandas na indústria de alimentos, no acesso ao produto e na logística", finaliza.

 

 

Outras Notícias

COLUNA SEMANAL

A Coluna Semanal é o newsletter encaminhado todas as sextas-feiras aos profissionais, empresários, estudantes e interessados nos temas da área tecnológica. Colunas Anteriores

FIQUE POR DENTRO DE TODAS AS NOVIDADES AGORA MESMO: