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Baixa classificação da folha de fumo pode colapsar cadeia produtiva do tabaco


Créditos: Arquivo CREA-RS

A política de classificação do fumo in natura praticada pelas empresas fumageiras, o contrabando e o mercado ilegal de cigarros poderá colapsar a cadeia produtiva do tabaco no Rio Grande do Sul. A avaliação é do conjunto de convidados da audiência pública virtual promovida pela Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo da Assembleia Legislativa para debater a política do preço do fumo e o cenário da fumicultura no estado. O segmento é o segundo item da pauta de exportações do estado. O CREA-RS esteve representado pelo seu 2º diretor financeiro, Eng. Minas Eduardo Schimitt da Silva.  A atividade, proposta pelo deputado Elton Weber (PSB), contou, ainda, com a participação de representantes de sindicatos e entidades do setor, empresas fumageiras, Afubra, Fetag, Famurs, deputados estaduais e federais.

O encontro se iniciou com a manifestação do presidente do parlamento gaúcho, deputado Ernani Polo (PP). Ele defendeu o diálogo e o equilíbrio na busca de caminhos para garantir um preço justo para o tabaco aqui produzido. "Os produtores precisam ter garantia de renda para continuarem a produzir", disse.

Após a fala do presidente Polo, o deputado Zé Nunes (PT) fez um relato de outra audiência pública, ocorrida em junho, com o mesmo tema, mas realizada pela Comissão de Economia do parlamento gaúcho. Conforme ele, a desclassificação do fumo por parte das fumageiras, com preços aquém do esperado e o valor dos insumos em alta, tornam o cenário dramático para os produtores de tabaco. Zé Nunes afirmou que as empresas não cumprem a legislação do sistema integrado, elaborada para dar garantias de preço justo ao agricultor. O parlamentar comunicou a formação de uma frente parlamentar em defesa do produtor de tabaco e apontou a ocupação de espaços na câmara setorial do produto como uma das formas de pressionar a alta do preço.

Porta da fábrica
O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Carlos Joel da Silva, considera que o preço pago ao produtor é um desrespeito. Para ele, o método de classificação do tabaco adotado pelas empresas privilegia questões comerciais, desprezando o a qualidade do tabaco. A soma da classificação abaixo do padrão e o custo da produção, conforme Carlos Joel, levaria o produtor para a porta das fábricas de cigarro reivindicar melhor pagamento. "Isso só não ocorreu em razão da pandemia", garantiu.

Iro Schünke, presidente do SindiTabaco, previu que o Brasil pode perder posições no mercado internacional se continuar a politica de preços e outros problemas do setor.

O representante da Fetraf Sul, Marcos Tuchtenhagen, disse que atualmente não há garantia de renda para o produtor e lamentou a imposição de preços e compra do produto por parte da indústria.

O presidente da Afubra, Benício Werner, considera que os produtores são prejudicados com o modelo de classificação da folha do fumo e que, neste ano, foram afetados pela seca e no ano passado pelas fortes chuvas.

Fumageiras
O diretor da Japão Tobbaco International (JTI), Paulo Saath, disse que a formação do preço do fumo leva em conta o custo da produção, a produtividade e a qualidade. Ele relatou que a JTI executa o acordado com os produtores e que comprou toda a produção dos seus produtores parceiros. Já Carlos Palma, da Souza Cruz, diz que a estiagem que atingiu as regiões produtoras gerou um fumo de baixa qualidade, o que acarretou pouca demanda. Ele contou que a empresa tem um canal de compra transparente e cumpre 100% a legislação do sistema integrado. Carlos Palma disse que o setor precisa urgentemente buscar maior volume e qualidade do produto, objetivando obter maior valor de exportação.

Deputados
O deputado Pedro Pereira (PSDB) afirmou que a situação do produtor de fumo é lamentável, com alto custo de produção e com o baixo preço pago. Ele sugeriu que as autoridades estaduais e federais cuidem do contrabando de cigarros, que domina o mercado interno brasileiro.

O deputado Edson Brum (MDB) também considera que o achatamento da margem de lucro do produtor vai levá-lo a desistir da atividade. Para ele, uma cadeia produtiva forte não pode ser destruída por uma das partes.

O deputado estadual do Paraná Emerson Bacil (PSL) expôs os problemas enfrentados pelos agricultores paranaenses, idênticos aos dos produtores gaúchos.

O deputado federal Marcelo Moraes (PTB/RS) disse que nos últimos seis anos mais de 11 mil famílias deixaram a produção de fumo em função do preço praticado. "O que a indústria precisa entender é que se não pagar o preço justo vai ficar sem matéria-prima. Ele defendeu a garantia de um preço mínimo acertado antecipadamente e o retorno da presença governamental no momento da classificação.

O deputado Elton Weber, condutor da audiência, apresentou as sugestões de encaminhamentos produzidos no evento. Weber espera que na próxima safra haja o cumprimento da Lei do sistema integrado; que seja retomada a negociação conjunta; que haja combate ao contrabando e a produção clandestina de cigarros; que o levantamento de custos seja feito em conjunto entre produtores e indústria, que as fumageiras comorem toda a produção do agricultor integrado e que seja criado um fórum para solução dos conflitos.

Participação
Participaram da audiência publica virtual os deputados Elton Weber (PSB), Kelly Moraes (PTB), Vilmar Zanchin (MDB), Zé Nunes (PT), Edson Brum MDB), Pedro Pereira (PSDB), Ernani Polo (PP), Silvana Covatti (PP), Emerson Bacil (PSL/PR) e os deputados federais Marcelo Moraes (PTB/RS) e Alceu Moreira (MDB/RS).

Agência de Notícias ALRS

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