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Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha é celebrado neste sábado


Créditos: Arquivo CREA-RS

No dia 25 de julho, celebra-se o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha. A data reforça a importância da luta por uma sociedade mais justa e menos preconceituosa e desigual. No Brasil, a data homenageia Tereza de Benguela, líder quilombola e símbolo de resistência e luta do povo negro.

Para a Eng. Agr. Kátia de Messa Anacleto, inspetora-chefe da Inspetoria de Alegrete do CREA-RS, é desafiador ser uma mulher negra na Engenharia. “Eu costumo dizer que não é para mulheres fracas. Precisamos nos impor, colocar limites, e quando for preciso gritar, grite bem alto.” Mesmo ressaltando que nem todos são preconceituosos, reforça a necessidade de falar sobre o tema: “Sempre que tenho oportunidade, falo a verdade sobre as dificuldades de ser uma mulher, uma mulher negra em uma sociedade que oprime, que insiste neste velho sistema.”

A Engenheira Kátia conta que descobriu as dificuldades de ser negra quando tinha apenas 10 anos. “A partir daquele momento eu percebi que as coisas não seriam tranquilas e que eu tinha somente duas opções: continuar ou desistir. Ser forte ou ser fraca. Então, com a ajuda da minha mãe, resolvi lutar, resolvi ser forte”, afirma. “E assim comecei minha vida de menina negra, enfrentando em todos os lugares frequentados a dor de ser sempre a única negra do espaço.” Quando chegou à Universidade Federal de Santa Maria para estudar Engenharia Agronômica, viu a história se repetir. Única negra entre os colegas, deparou-se com um preconceito velado, mas que ainda existia.

Em relação às dificuldades de ser uma mulher negra na Engenharia, reflete: “É incrível quando penso que estamos em 2020 e ainda temos de discutir sobre o que é ser uma negra na Engenharia, e pior, uma mulher negra. E sem ser negativa, às vezes, penso que isso está muito longe de acabar, infelizmente.” Na sua visão, o lugar onde mais há discriminação é no mercado de trabalho. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE apontam que mulheres negras ainda são a minoria no mercado de trabalho, possuem salários mais baixos e menos cargos de chefia. No entanto, apesar do preconceito pela cor da pele, Kátia ressalta que o que também se enfrenta é um ‘machismo severo’. “Trabalho com o agro, e o agro é um universo machista, onde muitas vezes nós mulheres somos esmagadas pela classe masculina, e tentam desqualificar nossa profissão.”

A importância de celebrar a data

Por estes motivos, quando questionam o porquê de celebrar esta data, Kátia ressalta que, ao comemorar, luta-se por dias melhores, garantindo uma qualidade de vida melhor para a próxima geração de mulheres negras, abrindo caminhos e mentes atrasadas e sonhando com um mundo mais justo. “Não é só mais uma data, mas um dia para se refletir, para gritar ao mundo por mais respeito, mais dignidade, que somos seres humanos iguais aos demais e que precisamos ser livres.”

No Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, Kátia cita Angela Davis, num recado a todas as mulheres negras: “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”.

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