Notícia

Pioneirismo da Geologia no Brasil


Geóloga Sylvia dos Anjos, protagonista na área. Créditos: Arquivo CREA-RS

Uma das primeiras mulheres a trabalhar embarcada em uma plataforma de petróleo, nos anos de 1980, a Geóloga Sylvia dos Anjos foi a convidada desta segunda-feira (29) em mais uma live do evento Mulheres que Fazem a Diferença para falar sobre “Pioneirismo da Geologia no Brasil”. A Geóloga formou-se em 1978 pela UFRJ , mesmo ano em que fez o concurso para trabalhar na Petrobras, onde hoje é Business Advisor. Na época só havia duas vagas destinadas às mulheres.

Sylvia dos Anjos foi reconhecida por sua liderança e dedicação no desenvolvimento e divulgação do conhecimento da Geologia de Petróleo, recebendo da American Association of Petroleum Geologists (AAPG) o Prêmio AAPG Distinguished Service Award for 2017, um dos mais importantes na área no mundo. Essa foi a primeira vez que um profissional brasileiro recebeu essa distinção.

Em sua fala, abordou a importância estratégica da empresa e seu pioneirismo na extração de petróleo no país e, também, no mundo com a exploração em alto-mar, que gerou muitos prêmios à empresa, e a descoberta e a criação das tecnologias de extração dos campos do pré-sal. “A Petrobras é uma empresa genuinamente brasileira, com uma equipe de profissionais daqui, e que traz no seu DNA a busca pela autossuficiência energética, gerando e desvendando o potencial nacional. E tem como grande virtude apostar no Brasil e nos brasileiros. Com essas diretrizes, você estuda, investe e avança. Faz o que os outros não fizeram.”


A Geóloga apresentou uma breve história da exploração de óleo no Brasil e do surgimento e desenvolvimento da Petrobras, destacando que, mesmo com o grande potencial das energias renováveis, os combustíveis fósseis ainda têm papel fundamental na matriz energética mundial. Relatou que, com a empresa, se desenvolveu, também, a formação de profissionais, principalmente da Geologia, no País. “A empresa formou e incentivou os primeiros cursos de Geologia do Brasil, que vieram dessa necessidade de ter profissionais qualificados nesta área.”

Descrevendo a história da companhia, falou sobre os primeiros poços perfurados, e da decisão de avançar para o mar e buscar campos offshore, quebrando um paradigma, sempre na busca de reduzir a dependência externa. “A Bacia de Campos, campo da Garoupa, foi primeira grande descoberta offshore, ainda nos anos de 1970. Na década de 1980, o rumo foram às águas profundas e foram tantos campos descobertos que não havia mais nome de peixe para dar. Viramos referência em águas profundas. Se tivemos ficado só em terra não estaríamos onde estamos hoje, foi uma ousadia ir para o mar”, destacou.


Citou o ano de 2006 como um marco histórico, quando o País se tornou autossuficiente em produção, apesar que ainda não no refino. Outro importante marco para empresa foi a descoberta do pré-sal, “num trabalho incrível da Geologia e da Engenharia”, destacou. “Desenvolvemos a tecnologia de exploração, no primeiro poço levamos 360 dias, hoje, em menos de 80 dias, furamos o pré-sal com uma produção de 60 mil barris por dia, o que era toda a produção dos campos em terra da Bahia, por exemplo.”

Evolução Digital
“O desenvolvimento tecnológico na indústria de óleo e gás já existe, mas precisamos trazer a transformação digital para a cultura e os processos de gestão da empresa como um todo, na integração das áreas”, considerou, falando sobre a evolução tecnológica da área. “Do  FPSOs (floating, production, storage and offloading, que são navios com capacidade para processar e armazenar o petróleo) à superfície, em todas as áreas temos como melhorar, aperfeiçoar e darmos um salto usando as novas tecnologias industriais, minimizando os custos e tempo das ações.”

Futuro da Petrobras
Por fim, falando sobre o futuro da Petrobras, destacou, mais uma vez sua relevância para o País. “Nós somos líderes e não podemos esquecer isso, ninguém vai desenvolver tecnologia no Brasil se não for a indústria brasileira, os centros de pesquisas estão nos seus países de origem, principalmente em uma área estratégica como a de energia. Defendo que a empresa deve ser grande e ela grande faz o País ser melhor.”

Também criticou a venda de refinarias. ”Vai vender petróleo bruto e isso é uma involução, toda a empresa grande refina o que produz. Vai ficar dependente de importação? A venda das refinarias é visão de curtíssimo prazo, que gera apenas um lucro não recorrente. Uma empresa de energia é estratégica, tem que ser pensada a longo prazo.”

Encerramento

Também participando da live, o coordenador da Câmara Especializada de Geologia e Engenharia de Minas (CEGM) do CREA-RS, Geól. Marco Antonio Hansen, citou sua proximidade à Petrobras, por seu trabalho na Antártica. “Estive 17 vezes na base científica da Antártica onde convivi com colegas geólogos da Petrobras.”

Fechando a transmissão, a presidente do Conselho, Eng. Nanci Walter, agradeceu pelo tempo disponibilizado pela profisssional. “Sempre digo no final das palestras, poder compartilhar conhecimento e informação é formidável.” Fez destaque, ainda, à trajetória da Geóloga. “É muito bom que falemos do que soma, agradecendo estar em nossa profissão, que é predominantemente masculina, e onde tu foste protagonista. Cada uma de nós que faz isso, incentiva a próxima. Foste uma inspiração.” 
 

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