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CREA-RS ENTREVISTA: Rede Sul de Restauração Ecológica, Eng. Agr. Miguel Dall’Agnol


Professor Eng. Agr. Miguel Dall’Agnol . Créditos: Arquivo Divulgação

Criada a Rede Sul de Restauração Ecológica. A iniciativa é do professor da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Engenheiro Agrônomo Miguel Dall’Agnol e os professores do Instituto de Biociências da UFRGS Sandra Cristina Müller e Gerhard Ernst Overbeck, além de parceiros de outras instituições de pesquisa do RS, órgãos públicos, gestores de Unidades de Conservação e representantes de ONGs.

Lançada no dia 23 de abril, Dia Internacional da Terra, a proposta está inserida nas ações voltadas para a Década da Restauração de Ecossistemas (2021-2030). Para entender melhor, o CREA-RS Entrevista desta semana conversou com o professor Eng. Agr. Miguel Dall’Agnol, que explicou a importância destas ações na conservação dos remanescentes da vegetação natural do Rio Grande do Sul. Confira!



CREA-RS: O que é a Rede Sul de Restauração Ecológica e por que foi criada?
Eng. Agrônomo Miguel Dall’Agnol: A proposta, lançada no Dia Internacional da Mãe Terra, insere-se entre as ações que vêm sendo desenvolvidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) por conta da Década da Restauração de Ecossistemas (2021-2030), durante a qual se pretende intensificar a restauração de ecossistemas degradados, combater a crise climática, melhorar a segurança alimentar e fortalecer a biodiversidade.
A rede começou com um grupo de pesquisadores que têm interesse no tema. Nós fizemos uma análise crítica de nós mesmos enquanto pesquisadores, pois percebemos que ficávamos discutindo apenas entre nós mesmos, sem incluir outras pessoas que talvez não tivessem tanto interesse no tema mas quisessem ajudar.  Ou seja, a gente sempre se reunia com as pessoas que gostam do pampa, que entendem a importância da restauração, mas nunca isso ia “para fora”. Portanto, hoje, a ideia é que essa rede virtual se expanda para algo concreto.
A Rede Sul de Restauração Ecológica é uma união de diversos agentes para proteger o Pampa, mas não é só isso. Também queremos incentivar que ele seja estudado, que ele seja protegido, que sejam feitas ações para que ele possa ser melhor compreendido. A ideia é reunir o maior número de pessoas, inicialmente técnicos que trabalham com isso, e depois expandir para pessoas físicas, jurídicas, para ONGs e todas as pessoas que possam ter interesse na preservação, no uso sustentável desse recurso e restauração das áreas degradadas.

CREA-RS: Quais são as principais ações e foco da Rede Sul de Restauração Ecológica?
Eng. Agrônomo Miguel Dall’Agnoll: Assim como ocorre em outros estados e biomas brasileiros, em que associações desse tipo já são uma realidade, a Rede Sul tem por missão reunir esforços em prol da restauração e integrá-los entre os atores da restauração ecológica no Sul do Brasil; comunicar à sociedade em geral a importância de conservar remanescentes de vegetação natural e de recuperar áreas degradadas; divulgar e incentivar estudos associados a diferentes setores da restauração ecológica no Sul do país.

Região dos Campos de Cima da Serra, zona de contato dos Campos com a Floresta com Araucária | Foto: Sandra Muller


CREA-RS: Quais são os principais parceiros dentro da Rede e já existe um plano de trabalho?
Eng. Agrônomo Miguel Dall’Agnol: A rede está aberta para todos os tipos de pessoas, grupos ou associações que tenham interesse nessa área, sejam pessoas físicas, jurídicas, ou ONGs. Podem participar estudantes, profissionais, entidades de classe, extensionistas, associações de produtores, ou seja, não há limitação. A limitação é ter interesse em querer participar e contribuir para o tema.

CREA-RS: Qual vai ser, na prática, o trabalho da Rede Sul de Restauração Ecológica?
Eng. Agrônomo Miguel Dall’Agnol: A Rede tem inúmeras intenções de atuação, tais como: discutir e propor ações na área de Restauração Ecológica, prestar assessoria a órgão governamentais e agências financiadoras, propondo linhas de ação e financiamento, proporcionar treinamentos para técnicos, produtores e outros interessados no tema e propor ações educativas que visem um aumento da consciência da importância deste tema.
Além disso, sempre que for instada a colaborar nas diferentes áreas de atuação, a Rede, através da sua multidisciplinaridade e transversalidade, irá participar e colaborar com o intuito de que essa área seja cada vez mais conhecida e atuante.

CREA-RS: Onde ela vai atuar?
Eng. Agrônomo Miguel Dall’Agnol: Inicialmente a rede atuará nas regiões onde ocorre o bioma Pampa, sendo que o RS é o único estado brasileiro onde esse bioma ocorre. Além disso, a rede também atuará na porção de Mata Atlântica que ocorre no norte do estado, além de áreas de formação campestre que ocorrem como “incrustações” nesse região de ocorrência de Mata Atlântica. É muito preocupante o estado de degradação destas formações. Por exemplo, o bioma Pampa, hoje, possui menos de 30% da sua área de abrangência original, que chegou a ser de 60% da área total do RS. Isso contrasta com a visão geral de que para recompormos a vegetação natural do estado temos que replantar muitas árvores, quando na verdade, a vegetação predominante do estado era a de campos!
Fala-se muito em restaurar a Amazônia, restaurar Cerrado, restaurar Caatinga, restaurar Mata Atlântica, mas ninguém dá a mínima ao Pampa. Acho que isso é uma falha da Academia que não sabe mostrar a importância desse tema.

CREA-RS: Como é possível contribuir ou fazer parte dessa rede?
Eng. Agrônomo Miguel Dall’Agnol: Embora ainda estejamos nos organizando e iniciando a expansão das nossas atividades, é muito fácil: basta escrever para RedeSul.restauracaoecologica@gmail.com e depois preencher um formulário que estamos disponibilizando para traçarmos o perfil dos participantes e seguir as comunicações que serão feitas em relação às próximas ações.

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