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CREA-RS Entrevista Rosane Heck, Eng. de Alimentos que criou tecnologia que substitui gordura saturada por ômega3


Engenheira de Alimentos pela Unipampa Rosane Heck desenvolveu uma estratégia para conferir características mais saudáveis aos alimentos . Créditos: Arquivo CREA-RS

A pesquisadora e Engenheira de Alimentos pela Unipampa Rosane Heck desenvolveu uma estratégia para conferir características mais saudáveis aos alimentos através da incorporação de ômega-3. Na pesquisa, a gordura saturada de hambúrgueres foi substituída por microcápsulas inteligentes de ômega 3, já que a maioria dos alimentos têm pouca quantidade deste ácido graxo benéfico à saúde ou acabam perdendo o elemento durante o aquecimento.

Rosane Heck é mestre em Tecnologia de Alimentos

Rosane Heck é mestre em Tecnologia de Alimentos pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia dos Alimentos (PPGCTA) da UFSM e doutoranda do mesmo programa desde agosto de 2017. Também é licenciada pela UFSM no Programa Especial de Graduação de Formação de Professores para a Educação Profissional. A Engenheira nos contou mais sobre o projeto no CREA-RS Entrevista de hoje. Confira!

CREA-RS: Quais são os benefícios do ômega 3 e por que adicioná-lo aos alimentos?
O ômega 3 é uma gordura poli-insaturada que traz benefícios à saúde humana, prevenindo doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer e doenças degenerativas do cérebro. O ômega 3 é um nutriente essencial que não é produzido pelo nosso corpo, ou seja, precisa vir a partir da alimentação. No entanto, poucos alimentos são fontes do nutirente e, além disso, quando presente nos alimentos, ele pode ser degradado durante o aquecimento, perdendo assim seu efeito benéfico e podendo até mesmo se tornar tóxico e cancerígeno. A solução para a produção de um ingrediente rico em ômega 3 que supere estas limitações se dá a partir de uma técnica inovadora de microencapsulação.


 

Microcápsulas | Foto: divulgação


CREA-RS: Quais alimentos são os mais indicados para essa adição?
A inserção do ômega 3 sob a forma microencapsulada é possível em uma grande variedade de produtos alimentícios, pois as microcápsulas desenvolvidas possuem como diferencial a alta resistência térmica, o que significa que o ômega 3 não é degradado quando aquecido ou congelado, permitindo sua inserção desde sorvetes a hambúrgueres. Além de produtos cárneos, por serem 100% de origem vegetal, as nossas microcápsulas também podem ser utilizadas para inserir este importante nutriente em produtos veganos, uma vez que a microencapsulação é capaz de mascarar o “sabor a peixe” característico de produtos adicionados de ômega 3.

CREA-RS: Em que nível se encontra sua pesquisa?
O início desta pesquisa ocorreu em 2016, durante meu mestrado, onde produzimos as primeiras microcápsulas inteligentes de ômega 3 vegetal, através de uma técnica inovadora. As microcápsulas foram usadas para substituir 50% da gordura saturada de hambúrgueres bovinos. A adição das microcápsulas proporcionou um aumento de 1000% no teor de ômega 3 dos hambúrgueres. Essa pesquisa é reconhecida internacionalmente na área de produtos cárneos e foi publicada no conceituado periódico Meat Science, onde consta entre as mais citadas dentre os 1.230 artigos publicados no periódico desde 2017. Outro diferencial conseguido com essa técnica é que ela possui uma espécie de gatilho. Esse gatilho é uma liberação controlada no intestino humano, desta maneira, o ômega 3 microencapsulado vai passar por todo trato gastrointestinal intacto, e vai romper a cápsula somente quando encontrar as condições ideais.

CREA-RS: Existe a possibilidade de incorporar a prática ao mercado? Algo parecido já é feito?
É possível, sim, trazer a pesquisa para o mercado, inclusive está em fase de incubação na Pulsar Incubadora (Agittec) – a startup w3 Special Ingredients, da qual sou CEO. Esta empresa nasceu com o intuito de oferecer à população os benefícios da ingestão de ômega 3 termicamente estável e com liberação controlada no intestino. Contrariando o rumo frequentemente seguido pelos doutores, pretendo seguir a carreira empresarial, conciliando sempre a pesquisa e a inovação. A estratégia de vendas da w3 está voltada ao modelo B2B, fornecendo insumos para as indústrias de alimentos, bem como para redes de fast-food. Cabe ressaltar que, apesar de atuar localmente em um primeiro momento, a startup tem uma visão de atuação global a partir de conexões com diversos ecossistemas de inovação no mundo. Isso será proporcionado, principalmente, pela participação da empresa como membro do Food Tech Hub Brasil. A expectativa é que, em 2022, a w3 Special Ingredients possa ampliar os mercados de atuação da empresa para fora do país.

CREA-RS: Qual é o papel dos engenheiros de alimentos em projetos como este?
O profissional formado em Engenharia de Alimentos estuda a produção de alimentos em escala industrial. O envolvimento em projetos como este, destaca a capacidade deste profissional na otimização de processos produtivos, principalmente no desenvolvimento de técnicas e criação de novos produtos e ingredientes. Do ponto de vista técnico, seria o desenvolvimento de tecnologias para atender às demandas dos consumidores que procuram por uma alimentação saudável, mantendo as características sensoriais e nutricionais dos produtos.

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