Notícia

Live traz Programa Mulheres e Meninas nas Ciências Exatas, Engenharias e Computação


Créditos: Arquivo CREA-RS

A Inserção de Meninas e Mulheres nas Ciências foi tema de live promovida pelo CREA-RS neste dia 23 de junho, data em que é comemorado o Dia Internacional das Mulheres na Engenharia. A data é uma iniciativa da Women’s Engineering Society (WES) do Reino Unido, para fortalecer o espaço que as Engenheiras vêm ganhando na profissão. Mesmo com um grande aumento na entrada de mulheres, a área da Engenharia ainda é majoritariamente ocupada por homens. Atualmente, dos 75.851 profissionais registrados no CREA-RS, apenas 18% são mulheres.

O debate contou com a participação da Dra. Adriana Maria Tonini, Diretora de Engenharias, Ciências Exatas, Humanas e Sociais do CNPq; da Eng. Eletric. Nilza Zampieri, coordenadora do Projeto “Uniescola: Mulheres rumo a Engenharia Construindo o Futuro” da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e coordenadora da Câmara Especializada de Engenharia Elétrica; e Eng. Civ. Letícia Diesel, coordenadora do Projeto “Meninas nas Ciências: desenvolvendo habilidades nas engenharias” e do curso de Engenharia Civil da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). A presidente do Conselho, Eng. Ambiental Nanci Walter, participou junto à Eng. Agrônoma Andreia Brondani da Rocha, Conselheira Federal no Confea, mediadora da conversa.

As convidadas apresentaram o programa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Mulheres e Meninas nas Ciências Exatas, Engenharias e Computação, iniciado em 2018, e que contemplou cinco projetos de universidades gaúchas, em projetos com o objetivo foi incentivar a formação de mulheres para as carreiras da área tecnológica no Brasil, desenvolvido junto a escolas públicas da Educação Básica.

CNPq: programas de incentivo às mulheres cientistas e pesquisadoras
“Nossa meta, com os programas do CNPq, é a incentivar as mulheres para as engenharias, e este programa de chamada para as meninas nas áreas de STEM (*sigla em inglês para Science, Technology, Engineering e Mathematics) é para estímulo a formação, desde o ensino fundamental, demostrando que a Engenharia também é para elas neste momento que ainda estão construindo sua vocação profissional”, explicou Tonini, ressaltando a integração entre as Universidades e a as escolas.

Informou já terem sido apoiados 139 projetos, alcançando 540 escolas públicas de educação fundamental, tendo sido disponibilizadas 5.200 bolsas a alunas de todo o país. “Este é um programa bem robusto, em que cada projeto apoiado poderia escolher até cinco escolas para desenvolver o trabalho, com a intenção de pulverizar as regiões e estados contemplados. No Rio Grande do Sul conseguimos apoiar 18 iniciativas de 14 instituições de ensino”, explicou. Como resultados gerais do programa, a doutora destacou colaborar para reforçar as escolhas das jovens para o futuro acadêmico, estimular o pensamento criativo e científico e despertar o interesse e a vocação para a pesquisa.

Falou, ainda, do projeto Mulheres na Ciência, com iniciativas desde 2005. Entre eles citou as chamadas públicas, como a para escolas de educação básica; o Pioneiras das Ciências, que divulga e homenageia pesquisadoras brasileiras; e, o mais recente deles, a inclusão do campo “licença maternidade” na plataforma de Currículo Lattes do CNPq, que entrou em funcionamento em 15 de abril deste ano. “Esta ação visa dar visibilidade e sensibilizar os comitês de avaliação para esse período em que a produção científica da pesquisadora diminuiu devido ao período da maternidade. A criação dessa aba foi uma proposta aqui do Sul, com mobilização de grupos de todo o Brasil, e é uma luta de muito tempo para essa atenção nos critérios de seleção”, destacou dizendo, também, da possibilidade de prorrogação de até um ano de bolsa à pesquisadora que dá à luz.

“São várias conquistas ao longo destes anos, mas ainda falta muito para uma igualdade”, ponderou Adriana Maria Tonini. Para ela, são necessárias as políticas públicas para promover a equidade de gênero nas ciências e informação. “Oportunizar informação para o empoderamento dessas meninas e mulheres saberam que elas podem estar onde quiserem.”

Uniescola: Mulheres rumo a Engenharia Construindo o Futuro
“Este é um programa fantástico que nos faz entender e vivenciar o que pode representam às nossas experiências nessa batalha em mostrar às mulheres que elas podem fazer o que quiserem”, afirmou a Eng. Eletric. Nilza Zampieri sobre o projeto coordenador por ela e desenvolvido pela Universidade Federal de Santa Maria, por meio do CNPq. “Escolhemos cinco escolas de regiões periféricas, duas estaduais, duas municipais e uma social, pois são locais que muitas vezes as informações não chegam”, detalhou.

Explicou ter sido uma proposta abrangente, “não de pesquisa apenas”, com objetivo de motivar e apresentar o que é um curso superior, uma universidade, uma engenharia. “Nas palestras que demos não eram apenas as meninas, colocávamos todos aos alunos para falar sobre o ensino superior e suas possibilidades, com nossas alunas da Ufsm contando suas experiências. É um trabalho muito gratificante para todos os envolvidos, chegávamos com um cenário e saíamos da escola com outro. Não tínhamos a dimensão até onde podíamos chegar.”

De acordo com Eng. Nilza, em torno de 3.500 alunas foram impactadas, com o envolvimento de mais de dez cursos do CT - Centro de Tecnologia UFSM, que abriga as áreas de nas áreas de Arquitetura, Computação e Engenharia. “Em 60 anos do Centro, nunca pensei que poderíamos mexer tanto com nossas alunas, que nos acompanharam na felicidade de atuar no projeto que traz tantas mudanças”, relata a professora, que foi coordenadora do CT, destacando que, ao total, mais de 40 pessoas da universidade participaram ao longo do projeto.

Meninas nas Ciências: desenvolvendo habilidades nas engenharias
Eng. Civ. Letícia Diesel trouxe a experiência com o projeto desenvolvido pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) reiterando a potência do programa. “Termos sidos selecionados nessa chamada, trabalho iniciado em 2019, que nos permitiu esse contato com as escolas da nossa cidade foi importantíssimo, e destaco o envolvimento das professoras das meninas que foram incentivadoras e disseminadoras do projeto”, afirmou.

Coordenadora do projeto, Letícia explicou que foram criados espaços de aprendizagem dentro das escolas participantes e roteiro dentro da universidade para as alunas conhecerem na prática as noções de engenharia apresentadas. “As visitas aos laboratórios no campus foram muito ricas, víamos o brilho nos olhos das meninas”, contou. Destacou, também, as palestras disponibilizadas, além da área técnica, também com psicólogas. “Acredito que alcançamos até mais que os objetivos propostos para além da Engenharia, com a oportunidade dessas alunas de estarem dentro da Universidade, o que é muito importante”, destacou a Engenheira. 

Além disso, para ela, o projeto aproximou a Engenharia das alunas. “Em conversas com as meninas percebíamos que a Engenharia não era uma escolha, para elas parecia algo muito distante, com este projeto a percepção se torna mais próxima. Elas puderam construir e estar em contato com essas habilidades. Percebemos essa evolução nelas.”

CREA-RS como parceiro

A presidente do Conselho, Eng. Ambiental Nanci Walter, celebrou as iniciativas que visam maior participação feminina nas áreas das engenharias e geociências. Destacou o fato de ser a primeira presidente eleita pelo voto direto nos 87 anos de história do CREA-RS. “Porque não tínhamos ainda tido uma presidente mulher?”, indagou. “E essa resposta vamos assimilando a cada participação e debate que faço a frente do cargo, ouvindo os relatos de diferente gerações de profissionais, mas sempre com algo comum: o gosto pelo desafio. Porque não são dificuldades, são desafios que nos movimentam”, afirmou.

Relatou também a satisfação em ouvir os depoimentos de duas alunas do ensino fundamental participantes do programa do CNPq, reproduzidos na live, destacando o orgulho de ver as profissionais presentes fazendo essa aproximação com as escolas. Sobre o Conselho, afirmou que foram muitos anos “de costas para as universidades e faculdades e para o CNPq”, e que é sua meta mudar isto. “Contem comigo no CREA-RS e com a nossa conselheira federal, Eng. Andrea Brondani, no Confea, vamos fazer dessa união algo que cresça. Vamos incentivar cada vez mais essas oportunidades e o que o Crea puder fazer, faremos, e o que não pudermos vamos buscar parcerias que façam.”

A conselheira Andrea Brondani também felicitou as iniciativas apresentadas. “Queremos mais meninas e mais mulheres nas ciências e nas engenharias. O Sistema Confea/Crea será parceiro, assim como o CNPq. A pior prisão é a falta de perspectiva, e muita vezes o machismo instituído na sociedade é passado de geração para geração impondo limitações as nossas meninas. Iniciativas como essas abrem horizontes e abrem a permissão delas sonharem.”

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