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CREA-RS Entrevista: Eng. Mec. Sibelly Ramos, primeira engenheira de teste campo da Scania/Brasil


Créditos: Arquivo CREA-RS

Para chegarem onde estão hoje, as mulheres tiveram de enfrentar muitas batalhas. Se encontramos, ainda que em minoria, cada vez mais mulheres em cargos de liderança e em ocupações por muito tempo tidas como exclusivamente masculinas, é porque houve mulheres que, há mais tempo, enfrentaram um mundo ainda mais desigual para conquistarem seus direitos.

Na ciência e no mercado de trabalho, especialmente para as áreas das exatas e da Engenharia, a resistência é ainda maior e a mudança segue em curso. Em sua liderança, estão mulheres como Sibelly Ramos, a primeira engenheira de teste de campo na área de Pesquisa e Desenvolvimento da Scania no Brasil.

No CREA-RS Entrevista de hoje, conversamos com a Eng. Sibelly para saber mais sobre seu papel na Scania e na busca por uma sociedade mais justa. Confira!

CREA-RS - Como surgiu seu interesse pela Engenharia Mecânica com ênfase em automobilística?
 
Eng. Sibelly Ramos - Eu queria algo na área de exatas e que fosse um curso abrangente. Para mim, a Engenharia traz isso. É possível trabalhar desde a fábrica até a área administrativa.
 
No início, Engenharia de Produção era o meu foco, mas ao ver as matérias do curso, não me identifiquei. Já a área da Mecânica era muito na linha do que eu queria: abrangente. O curso tem matérias de Engenharia Civil, Química, Produção, entre outras.
 
A ênfase eu decidi após estagiar na área automotiva. Trabalhei no departamento de suporte técnico para motores a diesel para aplicação industrial e em pós-vendas, atendendo à rede de concessionária para o mercado do Brasil e da América Latina. A partir daí, eu tive certeza de que essa seria a minha profissão: Engenheira Mecânica com ênfase em automobilística.
 
CREA-RS - O que você faz dentro da Scania?
 
Eng. Sibelly Ramos - Na Scania eu trabalho no departamento de Pesquisa e Desenvolvimento, com teste e validação de veículos que ainda não estão disponíveis para o mercado. Acompanho o veículo desde a especificação técnica até o final do teste, onde o caminhão é desmontado para análise e inspeções. As minhas atividades diárias consistem em avaliar o caminhão levando em consideração diferentes critérios técnicos, como: disponibilidade do veículo na operação, manutenções preventivas e corretivas, atualizações e inspeções periódicas. Então, tenho contato diário com os motoristas do caminhão e clientes.
Essas informações são necessárias para atender às demandas de validação do produto Scania e são reportadas para a nossa matriz em reuniões semanais e mensais.
 
CREA-RS - Qual é a parte técnica mais desafiadora do seu trabalho?
 
Eng. Sibelly Ramos - Já atuei na validação de caminhão Scania em diferentes aplicações: veículos para aplicação sucroalcooleiro, veículo madeireiro, longa distância e, com certeza, a parte técnica mais desafiadora é em campo. Tendo em vista que não era habitual uma mulher nesta função, inclusive eu sou a primeira nesta posição na empresa, por mais que eu seja preparada e qualificada para exercer as atividades do meu cargo, houve situações em que clientes e motoristas mostraram certa desconfiança pelo fato de eu ser uma engenheira mulher. Os meus limites e conhecimentos técnicos eram testados de uma forma diferente quando comparado a um homem. Lembro-me de uma situação em que não acharam que eu teria coragem de entrar debaixo de um caminhão canavieiro, cheirando a vinhaça, para fazer uma inspeção. Eu entrei. Perguntei, questionei, informei e, com o passar do tempo, fui ganhando credibilidade e aprendendo a me impor com sabedoria.

CREA-RS - Em entrevista, você disse que atuar numa área onde predominam os homens é um tabu que está mais lá fora do que dentro da empresa. O que você acha que ainda é preciso para quebrar esse tabu? Em que medida sua presença nessa posição ajuda a fazer isto?
 
Eng. Sibelly Ramos - Para quebrar esse tabu, acredito que o caminho seja falar mais sobre a inclusão de gênero com dados e fatos. Mostrar, além da discrepância que há entre homens e mulheres exercendo a mesma profissão, os benefícios que existem em ambientes de trabalho heterogêneos. Uma engenheira mulher pensa diferente, vê desvios de produto de uma forma diferente. Isso abre o campo para soluções de projeto, por exemplo. É necessário entender essa realidade para que, então, as mudanças aconteçam.
 
Hoje, vejo que com a minha presença nesta posição, portas foram abertas para falar mais sobre esse tema e, talvez, mais mulheres sintam-se encorajadas a seguirem com os seus propósitos conquistando seu espaço nesse setor. Acredito, também, que as atividades que exerço possibilitam mostrar que as competências para atuar em profissões predominantemente masculinas, não estão vinculadas ao gênero.

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