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BIM, a transformação começa agora!


Eng. civ. Cleiton Rocha de Matos: “A tecnologia BIM contribui para uma fiscalização eficiente em obras públicas”. Créditos: Arquivo Confea

Capacitação e falta de conhecimento na legislação foram os pontos principais abordados pelos três palestrantes que lotaram a sala 4 na palestra “O BIM – a transformação começa agora”.

Modelagem da Informação da Construção gera valor, reduz desperdícios e ajuda a trabalhar os desafios do futuro. Não se trata de um software específico, mas um conceito de virtualização, modelagem e gerenciamento das atividades inerentes ao projeto e construção de obras de Engenharia. É possível visualizar todos os elementos de uma obra, facilitando a observação de possíveis inconformidades.

Conselheiro federal Eng. Eletric. Evânio Nicoleit e os palestrantes eng. civ. Rodrigo Broering Koerich, eng. civ. Késia Alves da Silva e eng. civ. Cleiton Rocha de Matos

Ao abrir o painel, o conselheiro federal eng. eletric. Evânio Nicoleit destacou a importância do tema e de como o Sistema Confea/Crea e Mútua se tornou protagonista deste projeto, ao constituir um Grupo de Trabalho Técnico Operacional (GTO) para dar suporte na disseminação do conceito e da prática da Modelagem da Informação da Construção (BIM). “A realização deste painel na 77ª Soea é uma das ações do GTO, com a escolha dos palestrantes”.

O BIM Fórum Brasil e o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) assinaram um Acordo de Cooperação Técnica em 2021. O convênio visa à cooperação e colaboração das instituições em iniciativas de educação, promoção e suporte à transformação digital dentro da Engenharia, Agronomia e Geociências.

A articulação tem importante efeito na ação de fomento à adoção da metodologia no Brasil, possibilitando que as informações, capacitações e demais resultados da parceria cheguem a todos os estados do país, onde a rede do Sistema Confea/Crea e Mútua já está presente e atua.  

Uma das iniciativas é a Primeira Pesquisa Nacional sobre Digitalização nas Engenharias no âmbito da Indústria da Construção, que o Sistema Confea/Crea e Mútua, o BIM Fórum Brasil e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), lançaram no dia 6 de abril.  

Eng. Rodrigo Koerich: “BIM exige troca, integração, compatibilização e melhoria de processo”

Depois de abordar como está o processo legal para a exigência do BIM e quais as leis federais que estão em vigor atualmente, bem como a estratégia BIM BR e o seu impacto sobre os profissionais da área, o eng. civ. Rodrigo Broering Koerich, presidente do BIM Fórum Brasil, apresentou o resultado da pesquisa. “O uso do Building Information Modelling (BIM) será obrigatório a partir de 2023 nos projetos e construções brasileiras. E o setor precisa estar preparado”.

Mais do que uma revolução de cunho tecnológico, o BIM traz profundas mudanças culturais, daí sua difícil adoção. “Nos últimos 5 mil anos, evoluímos do papel para o digital, mas não mudamos algo relevante na nossa maneira de trabalhar: projetistas trabalhavam sozinhos. O BIM exige trabalho integrado, precisamos mudar isso no nosso DNA”, afirmou o presidente do BIM Fórum Brasil, Rodrigo Broering Konstrua Koerich.

“Temos de pensar que o que nos trouxe até aqui não é o que nos levará adiante, precisamos mudar hábitos”, comentou, ao apresentar que soluções de intercâmbio como plataformas de colaboração ainda são pouco utilizadas nas empresas (18,3% com terceiros e 21% no interior da organização)”. “BIM exige troca, integração, compatibilização e melhoria de processo”.

Dos 5 mil profissionais entrevistados, 57% estão no estágio de formação inicial ou de adoção da modelagem. Deles, 70,4% vêm seus esforços de adoção descontinuados no tempo, seja por falta de recursos (67,4%), ou por incertezas sobre o processo (18,9%). “Este é um gap imenso, não pode haver falta de recurso ou de treinamento”, pontuou Koerich. Dos profissionais entrevistados, 26% manifesta ter desenvolvido algum tipo de experiência de trabalho em BIM nos últimos 5 anos.

Para capacitação, sugeriu o Construa Brasil, que criou sete módulos na escola virtual. “É o maior curso BIM do Brasil”, ressaltou, afirmando que “de uma vez por todas precisamos utilizar o BIM".

Ênfase nos benefícios para os profissionais e empresas

A eng. civ. Késia Alves da Silva, consultora em BIM, apresentou cases de sucesso e falou com entusiasmo como a modelagem está transformando a construção civil e as potencialidades para os órgãos de controle.

Ao questionar a plateia sobre o conhecimento do conceito, ressaltou que o tema já não é mais estranho. “Hoje a maioria das pessoas já domina ou trabalha com o tema. É uma transformação no jeito de projetar. E eu participei desta revolução. Não é apenas uma ferramenta, mas uma nova forma de projetar, além de ser um processo colaborativo. Os profissionais precisam entender isto.”

Eng. civ. Késia Alves da Silva: “Além de reduzir desperdícios, a metodologia oferece maior transparência na execução de obras públicas”

De qualquer forma, os erros e equívocos ainda acontecem. “O maior problema para nós, profissionais, é acreditar que podemos trabalhar com o BIM sozinhos. Cometi vários erros e equívocos. Mas procurei a capacitação, participei de eventos, pós-graduação, para seguir adiante. Fiz várias parcerias. Levei o BIM para fora.”

Enfatizou que o BIM é colaborativo. “Poucas pessoas entenderam isto. Não sabem trabalhar com um modelo coordenado e colaborativo. É uma barreira a ser vencida. Não é apenas trocar de software. Se o profissional que trabalha com obras públicas não estiver capacitado, não consegue fiscalizar as obras, nem receber a licitação.”

Consultora do BID para a Prefeitura de Florianópolis para análise de orçamento e da Comissão de Análise de Licitações e de diversas propostas, a eng. Késia afirmou que o uso de BIM 4D e 5D melhora a qualidade dos projetos, planejamento e do levantamento de quantidades e controle do custo.

Ao citar vários cases de sucesso, como os projetos de 24 creches em Santa Catarina, a engenheira destacou a importância do BIM nas obras públicas. “A modelagem virtual das obras foi executada sem interrupções, sem aditivos, que é um problema recorrente em projetos de obras públicas. A metodologia reduz os desperdícios e evita desgastes, além de maior transparência na execução de obras públicas, uma necessidade cada vez mais premente e cobrada pela sociedade.”

Para ela, um dos principais projetos é o Hospital BIM, com simulação de pessoas, fluidos. A metodologia pode e deve ajudar o setor público. “É possível acessar este projeto dentro do Liga BIM Prefeituras. Procuramos compartilhar os principais desafios.”

Revelou ainda que os participantes da Soea ganham um desconto na plataforma, acessando conexão.com.br. Além disso, sugeriu aos profissionais, que querem que seus trabalhos fiquem em evidência, o cadastramento no Prêmio BIM Projetos. “Estamos na asa do avião com as turbinas ligadas”, finalizou.

Fiscalização de obras públicas

O Uso do BIM para os órgãos de controle foi o tema abordado pelo eng. civ. Cleiton Rocha de Matos, auditor federal de Controle Externo do Tribunal de Contas da União (TCU).

Falou sobre a nova Lei de Licitação, que tem como uma das funções regular o mercado. “Na lei que entrará em vigor em abril de 2023, o uso da tecnologia é apontado como preferencialmente. “Não é obrigatório, mas o gestor vai precisar explicar por que não está usando.”

“A tecnologia BIM tem potencial para auxiliar nas principais atividades de fiscalização por meio de informações mais qualificadas para controlar e exigir o cumprimento de contratos, aumentando a probabilidade de executar obras com melhor qualidade e aderentes a preço e prazo contratados”, apontou.

Reportagem: Jô Santucci (Crea-RS)
Edição: Julianna Curado Revisão: Lidiane Barbosa (Confea)
Equipe de Comunicação da 77ª Soea
Fotos: Jô Santucci e Juliana Nogueira Fotografia/Confea

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