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Pré-Sal entra em discussão na 70ª Soea
Créditos: Diego Bandeira
A palestra Pré-Sal: oportunidade para a redenção do Brasil, proferida no Centro de Eventos Serra Park, em Gramado (RS), neta terça-feira pela manhã, na abertura do segundo dia da 70ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia do Sistema Confea/Crea e Mútua, pelos engenheiros Raul Tadeu Bergman e Fernando Leite Siqueira, respectivamente diretor e vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras, provocou, em vários momentos, calorosos aplausos da plateia, em virtude de sua abordagem em defesa dos interesses nacionais contra gestões políticas engendradas por outros países, principalmente os Estados Unidos, visando a obstruir o monopólio garantido por lei sobre a produção de petróleo no Brasil.
O ponto culminante da dupla apresentação correspondeu à fala de Leite Siqueira sobre os vazamentos pelo Wikileaks, largamente divulgados pela Imprensa, de telegramas trocados entre lobistas da petroleira Chevron e executivos da embaixada norte-americana no Brasil: um dos textos se referia aos cuidados que o governo de Obama deveria tomar contra um possível excesso de nacionalismo dos brasileiros. Siqueira foi aplaudido ao afirmar que “esta é a hora de nos tornarmos verdadeiramente nacionalistas”.
A quarta maior reserva de petróleo do mundo
Em sua exposição, Bergman falou sobre a importância do petróleo para o Brasil, informando que já temos a quarta maior reserva do mundo, com 114 bilhões de barris, só atrás de Arábia Saudita, Irã e Iraque. “E por acaso – ironizou o engenheiro, ao lado de Siqueira, uma das maiores autoridades brasileiras no setor – trata-se de uma zona de conflito que nos faz refletir: vamos agir como eles ou vamos lutar pela nossa soberania?”
Segundo dados do palestrante, as perspectivas de sucesso do Brasil como produtor e exportador são as melhores possíveis. “Em 2050 o planeta terá 10 bilhões de habitantes, ainda muito dependentes desta matéria prima utilizada na fabricação de cerca de 3.000 produtos”. Pelo menos até 2020, afirmou Bergman, o mundo vai depender 86% de energia fóssil, enfatizando a questão da dependência global. “Com certeza – advertiu – nesse ritmo poderemos chegar a um ponto em que o consumo superará a produção. Num primeiro momento teríamos uma explosão dos preços, depois a carência no fornecimento. Afinal, estamos diante de uma realidade: o petróleo é uma fonte esgotável, e os grandes produtores, como Estados Unidos, China, Índia, Japão, Alemanha, França e Itália, também são os maiores consumidores”. Bergman lembrou que “se eles aproveitaram bem as suas reservas, tornando-se potências mundiais à custa do petróleo, por que não seria agora a nossa vez”?
Bergman também frisou que “não podemos nos acomodar com a nossa realidade de exportadores. É uma realidade concreta, mas temos de pensar estrategicamente na preservação da propriedade e na aplicação do resultado da exploração”.
A retomada dos leilões: perigo à vista
Segundo o engenheiro Fernando Leite Siqueira, o Brasil corre o risco de perder 70% do seu petróleo para estrangeiros. Em seu entender, “como descobrimos muito óleo no Pré-Sal, não há necessidade de leiloar essa riqueza a toque de caixa”. A atuação do especialista junto a legisladores tem colhido algumas vitórias. “Independentemente das estratégias das petroleiras estrangeiras para barrar o novo marco regulatório – disse ele, mencionando os textos vazados pelo Wikileaks – os leilões de áreas com alto potencial petrolífero devem ser realizados com muito critério, de acordo com os nossos interesses de futura potência econômica”. A solução para reverter o perigoso cenário político em torno do assunto – Siqueira considera que o governo brasileiro está se submetendo de joelhos aos interesses americanos – é simples: “Precisamos colocar mais engenheiros no Congresso Nacional”.
Equipe Confea e Creas
