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Colunista Adão Oliveira discorre sobre palestra de Ayres Britto


Confira na Coluna Conexão Política, de Adão Oliveira, publicada no Jornal do Comércio do dia 11.09, referente à palestra do ministro Ayres Britto

A parábola das garças
Estive em Gramado para assistir no Serra Park a uma palestra de Ayres Britto, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal. O ministro foi participar da 70ª Semana Oficial de Engenharia, uma promoção do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia e do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia. O evento teve mais de 3.500 participantes, que aplaudiram de pé o brilhante conferencista. O tema escolhido para Ayres Britto foi ética na política.
Ele iniciou a conversa contando a parábola das garças, de sua autoria. Ele disse que possui um apartamento no 15º andar de um edifício, em Aracajú, Sergipe, sua terra natal, próximo a um majestoso brejo. Da sua janela, ele via diariamente lindas garças de belíssima plumagem - branca -  se deliciarem com a vegetação do mangue. A primeira vez que viu o espetáculo imaginou que elas sujariam a plumagem naquele lodaçal. Nada disso. De repente, as garças passavam rente à janela de seu apartamento, apresentando um ballet espetacular.
Aí o poeta Ayres Brito refletiu: “Ética na política é isso aí. O político pode até conviver com a lama, mas deve atravessar o lamaçal como as garças brancas no brejo: limpas, muito limpas, limpíssimas”. Os engenheiros se extasiaram com a fábula. Não foi só nesse momento que a plateia vibrou. Britto levantou aplausos ao concordar que as manifestações de rua “são a prova do aumento da maturidade da democracia brasileira. O povo nas ruas é sinal de que há uma expectativa em torno de um Brasil mais ético em todas as áreas - a partir da política. Mas sem vandalismos”, acrescentou o ex-presidente da Suprema Corte.
Mais adiante, Ayres Britto exercitou todo o seu talento e sabedoria para afirmar que a ética no Brasil somente será sustentável quando o povo tiver a consciência da importância desse valor. Por isso, considera as manifestações das ruas, com agenda aberta, como o início dessa consciência, como a maximização da democracia.
Uma das aspirações do povo expressadas nas manifestações de junho - o voto aberto - também faz parte das exigências do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal. Ele também quer o expediente do voto aberto no Congresso Nacional. E, explicou por quê: “o político é um procurador de quem o elegeu. Como um procurador pode expressar a sua vontade sem consultar ou informar a quem o elegeu? O procurador tem o dever de mostrar o seu voto. Tanto na Câmara quanto no Senado”.
Questionando o auditório, Ayres Britto justificou seu voto na Lei da Ficha Limpa: “Como poderemos dar registro a um candidato desonesto para uma função que exige, antes de qualquer coisa, que seja íntegro?” Mostrando-se um homem religioso, Ayres Brito lembrou Jesus Cristo como símbolo de ética: “um ser humano que de tão diferenciado rachou a humanidade em dois períodos. Antes e depois dele”. Foi aplaudido de pé pelos participantes do evento.

JC, 11.09

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